quarta-feira, 28 de outubro de 2020

As 5 fases do luto: o que acontece em cada fase?



Por mais que detestemos, o ciclo da vida chega ao fim e é necessário para a própria natureza. Crescemos e vivemos com a certeza de que tudo findará, ainda que não haja preparação para perder alguém. Confira as cinco fases do luto e o que se passa em cada uma delas.

Todas as pessoas, quando sofrem alguma grande perda na vida (seja a morte de um ente querido, o diagnóstico de uma doença grave, um processo de falência ou a traição de uma pessoa muito próxima, uma separação, uma punição criminal etc.), passam em maior ou menor intensidade por aquilo que chamamos de processo de luto.


É indispensável viver bem as fases do luto

A reação psíquica determinada pela experiência da morte (perda) foi descrita por Elisabeth Kübler-Ross em seu livro ‘Sobre a morte e o morrer’, no qual explica que esses estágios nem sempre ocorrem na mesma ordem, nem todos são experimentados pelas pessoas. Ela afirmou que uma pessoa sempre apresentará, pelo menos, duas dessas fases.

São elas:

Negação

Uma das primeiras fases do luto é permeada por uma forte carga emotiva. A negação inibe contatos mais próximos com outras pessoas, dada à dor que este sente. Nesta etapa inicial, há um movimento em se levantar possibilidades a fim de reverter os fatos. Isso se caracteriza através de frases como “Se não tivesse acontecido?” ou “E se eu tivesse interferido?”.

É o momento em que nos parece impossível a perda, quando não somos capazes de acreditar nela. A dor da perda é tão grande, que parece não ser possível nem real.

Acredita-se que o Ego influencia nisso, já que se cria um mecanismo de defesa nessa fase. A dor é aplacada em pouco tempo, já que a aceitação parcial começa a surgir nesse período. Ela é fundamental para diminuir a:

  •  Solidão

Como dito acima, o indivíduo em luto tende a se afastar dos demais. Parte disso se deve ao fato do medo em perder mais pessoas naquele período tão vulnerável de sua vida. Aos demais, é preciso ter em mente deixar que o indivíduo se sinta livre para sentir essa dor. Contudo, dê sinais de que sempre estará por perto.

  •  Tristeza

Sendo a parte mais natural do processo, é perceptível uma falta de alegria em quem está de luto. Com a perda, também se foi uma conexão única e positiva construída ao longo dos anos. Ainda que o amor se preserve, a ausência da conexão física é dolorosa.

  •  Arrependimento

Assim que perdem alguém, algumas pessoas costumam se arrepender de algumas atitudes. Anteriormente, acreditavam que o tempo era infinito e teriam todo o tempo do mundo para conviver. Quando a perda ocorre, entram em um estado de lamentação e pensam em tudo o que queriam dizer.


Nessa fase, a pessoa nega a existência do problema ou da situação. Pode não acreditar na informação que está recebendo, tenta esquecê-la, não pensar nela ou ainda busca provas ou argumentos de que o fato não é real.
• “Isso não é verdade!”
• “Vai passar”
• “Sempre dou um jeito em tudo, vou resolver isso também”.

A pessoa continua se comportando como antes (ignorando a situação), não consegue aderir ao tratamento (no caso de doença) ou não falar sobre o assunto (no caso de morte, desemprego ou traição).

Raiva/Ira

Continuando as fases do luto, a segunda se condensa unicamente na raiva, seja do doente ou dos demais. Quem está de fora consegue sentir até raiva da própria pessoa, ainda que esta não tenha culpa e saiba disso. A vulnerabilidade do outro antes e depois de partir evoca a uma sensação de incapacidade em não poder ajudar.

Na fase da raiva o Ego não consegue selar o isolamento e negação da fase anterior. Com isso, a pessoa passa a questionar e lutar contra o evento em si. A ideia aqui é isentar a pessoa que partiu e defendê-la, exaltando suas virtudes. Mesmo que sem alguma resposta divina, o questionamento é elaborado com o intuito de extravasar.

Infelizmente, essa revolta dificulta bastante o relacionamento que a pessoa mantém com os outros. Alguns não conseguem perceber que esses mesmos indivíduos entendem o quanto essa explosão é necessária. Mesmo durante a sua raiva, tente cultivar a lealdade existente entre vocês e busque apoio.

Nessa fase, a pessoa expressa raiva por aquilo que ocorreu. É comum o aparecimento de emoções como revolta, inveja e ressentimento. Geralmente, essas emoções são projetadas no ambiente externo, percebendo o mundo, os outros e Deus como causadores de seu sofrimento. A pessoa se sente inconformada e vê a situação como uma injustiça.
• “Isso não é justo!”
• “Por que fizeram isso comigo?”

Ela perde a calma quando fala sobre o assunto, evita o tema e se recusa a ouvir conselhos.

Negociação/barganha

No terceiro caminho das fases do luto, que é a negociação ou barganha, as fases anteriores já foram subvertidas. Agora entra as ponderações, onde o indivíduo procura alternativas para aliviar a dor que sente. Nisso, acaba enfrentando:

  •  Questionamentos

A ideia aqui é pensar em soluções alternativas para ter lidado com o problema enquanto ele estava vigente. A mente não descansa, já que vai e volta no evento a fim de procurar alguma falha cabível de intervenção. Mesmo que seja “inútil”, por assim dizer, o indivíduo inconscientemente tenta trazer paz a todos.

  •  Acordos

Ao procurar caminhos nos questionamentos, naturalmente se encontra a ideia de troca entre as pessoas. Por conta do amor que este sente em relação a quem partiu, a ideia é preservar a sua figura aqui. A autoestima não fala tão alto e ele acredita que o mundo estaria melhor com o outro. Em suma, o indivíduo quer ir no lugar de quem partiu.

As negociações com Deus são normalmente sob forma de promessas ou sacrifícios, pactos e outros similares, são muito comuns e muitas vezes ocorrem em segredo. No caso de uma traição, a pessoa buscar agradar o outro.

• “Vou ser uma pessoa melhor, serei mais gentil e simpático com as pessoas, terei uma vida saudável.”

• “Vou acordar cedo todos os dias, tratar bem as pessoas, parar de beber, procurar um emprego e tudo ficará bem.”

• “Vou pensar mais positivamente e tudo se resolverá.”

• “Deus, deixe-me ficar bem de saúde, só até meu filho crescer.” (pessoa ao saber que está doente)

• “Vou mudar minhas atitudes, meu comportamento, e tudo se resolverá”.


Depressão

A depressão costuma figurar entre as fases do luto como a que mais dura na vida do indivíduo. Mesmo que não pareça que está sentindo, o indivíduo sofre bastante internamente. Não raro, é possível que a fase de isolamento retorne com mais força, ainda que oscile por muito tempo.

Acima disso, a sensação de melancolia, impotência, desesperança e culpa podem permear a sua interação social. Como se deve imaginar, é um campo de introspecção profundo, mas cuidado. Sofrimento e isolamento em demasia podem adoecer uma pessoa. Ao invés de caminhar até um status de aceitação, a mesma fica cada vez pior.

É nesta fase que a assistência dos demais é mais necessária do que nunca. Claro que é bastante difícil tirar alguém dessa situação, mas a ideia é se fazer presente para quando ele precisar. O depressivo precisa se dar conta da própria situação e trabalhar ela voluntariamente.

Nessa fase, ocorre um sofrimento profundo. Tristeza, desolamento, culpa, desesperança e medo são emoções bastante comuns. É o momento em que acontece uma grande introspecção e necessidade de isolamento. A pessoa se retira para seu mundo interno, isolando-se, sentindo-se melancólica e impotente diante da situação.

• “Não tenho capacidade para lidar com isso.”
• “Nunca mais as coisas ficarão bem.”
• “Eu me odeio.”

Afastar-se das pessoas e comportar-se de maneira autodestrutiva são situações comuns nessa fase.

Aceitação

Encerrando as fases do luto, a aceitação vem para fechar o ciclo da dor que este sente. Depois de desabar, sentir raiva, procurar alternativas e cair, a ideia é se livrar do peso negativo que o evento trouxe. Mesmo não sendo um cenário de alegria, é a oportunidade de agregar paz em sua vida. Com isso, a tranquilidade em relação à vida pode se instalar.

Na aceitação, o indivíduo passa a agregar a realidade e aceitar as coisas como elas são e aconteceram. Ao invés de focar em desespero, a serenidade apazígua a dor que este desenvolveu. Consequentemente, a saudade brota, marcando os momentos felizes que tiveram juntos.

Nessa fase, percebe-se e vivencia-se uma aceitação do rumo das coisas. As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa se prontifica a enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações.

• Não é o fim do mundo.”
• “Posso superar isso.”
• “Posso aprender com isso e melhorar.”

Ela busca ajuda para resolver a situação, conversar com outros sobre o assunto e consegue planejar estratégias para lidar com a questão.

É importante entender que:

As pessoas não passam por essas fases de maneira linear, ou seja, elas podem superar uma fase, mas, depois, retornar a ela (ir e vir), estacionar em uma delas sem ter avanços por um longo período ou ainda suplantar todas as fases rapidamente até a aceitação. Não há regra. Porém, sabe-se que, comumente, a fase mais longa é da depressão para a aceitação.

Tudo depende do histórico de experiências da pessoa e das crenças que ela tem sobre si mesma e sobre a situação em questão. Existem pessoas que podem passar meses ou anos num vai e vem e não chegar à aceitação nunca. Outras, em poucas horas ou dias, fazem todo o processo. Isso varia também em função da perda sofrida.

“Ninguém está preparado para perder o outro; é normal não conseguirmos nos desapegar. Temos a tendência de ficarmos presos em uma relação mesmo quando não a queremos mais. A única saída, então, é ter coragem, enfrentar os desafios que virão e avaliar honestamente nossos sentimentos e emoções.”

Nessa fase, é imprescindível se manter perto de quem está de luto. Mostre que este não tem culpa em relação ao evento fatídico. Com bastante empatia, o ajude a se adaptar à nova rotina de ausência física e pressão emocional. Mesmo que seja difícil no momento, é a ajuda de terceiros que trará de volta alguém de um mundo cinza.

Nesse processo, a vivência da fé, para aqueles que creem, é de fundamental importância, pois ajuda a entender que o sofrimento faz parte da condição humana, e a morte e as perdas acontecem para todos.

Jesus veio para nos ensinar que estará sempre junto de nós em todos os momentos, ajudando-nos a carregar a cruz de cada dia, lembrando-nos sempre de que tudo nesta vida é passageiro e que Sua morte na cruz nos dá todos os dias a graça de, juntos com Ele, vivermos por toda a eternidade.



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