quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A FALSA DOUTRINA DO ARREBATAMENTO



Muitos fundamentalistas e protestantes evangélicos adotam uma crença conhecida como "O Arrebatamento". Existem muitas variações desta doutrina. A série popular de livros "Deixados para Trás", escrita por Tim Lahaye e Jerry Jenkins, apresenta apenas uma dessas variações. Para defender suas idéias, os partidários do "Arrebatamento" citam alguns versículos genéricos da Bíblia, inclusive 1Tessalonicenses 4,15-17:

"Nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares".

E também costumam citar 1Coríntios 15,51-52:

"Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados".

Destas mínimas passagens misteriosas resultam predições detalhadas e precisas que preenchem volumes e mais volumes, complementados com calendários, datas, tabelas e gráficos. A versão apresentada nos livros da série "Deixados para Trás" é denominada "dispensionalismo pré-milenarista e pré-tribulacional". Sua proposta consiste em afirmar que no futuro a terra experimentará um reinado de Jesus que durará mil anos. Imediatamente antes deste reinado, os "verdadeiros crentes" serão "arrebatados" por Jesus, ascendendo com Ele de maneira secreta e silenciosa, entra as nuvens. Para eles não importa que a Bíblia mencione uma forte voz e uma trombeta... a maioria dos partidários do "arrebatamento" garante que o evento ocorrerá em segredo.

Esta interpretação exagerada assegura que aqueles infelizes que serão "deixados" sofrerão um período de sete anos de tribulações - uma espécie de última chance para a fé. Ao findar os sete anos, Jesus retornará para uma Segunda Vinda "extra", desta vez com legiões de fiéis. Juntos, derrotarão o Anticristo e iniciarão os mil anos do reinado de Jesus sobre a terra. A ironia disto tudo é que os protestantes crêem que é a Igreja Católica quem sustenta ensinamentos "antibíblicos" (apontando a doutrina católica sobre Maria como o maior exemplo), muito embora a crença no "arrebatamento" seja aceita sem questionamentos e com pouquíssima substância bíblica. É irônico também que muitos protestantes que acreditam que a Igreja Católica alterou os seus ensinamentos muitas vezes no decorrer dos séculos, admitam hoje o conceito de "arrebatamento", sendo que tal doutrina nunca é encontrada na História do Cristianismo, pois não aparece nem na literatura católica, nem na protestante até o século XIX, quando surgiram suas primeiras manifestações nas obras de John Nelson Darby, um ministro fundamentalista que posteriormente se converteu em sacerdote anglicano.

Os ensinamentos da Igreja Católica sobre o fim dos tempos são muito menos detalhados - e ainda muito menos dramáticos - do que os de John Nelson Darby e Tim Lahaye.

É certo que a Igreja sustenta a Segunda Vinda de Jesus. Um exemplo conhecido encontra-se na frase do Credo de Nicéia: "E de novo há de vir em sua glória para julgar os vivos e os mortos"; e há outro na afirmação de São Paulo, de que os crentes serão "levados" até o Senhor. No entanto, no tocante a data e a natureza destes eventos, a Igreja diz muito pouco, uma vez que há certas coisas que são reservadas por Deus:

"As coisas ocultas concernem ao Senhor, nosso Deus; porém, as reveladas, são para nós e para os nossos filhos, para que pratiquemos sempre todas as palavas desta Lei" (Deuteronômio 29,29).

E, como nos adiantou o Senhor Jesus Cristo:

"Quanto ao dia e a hora, ninguém sabe - nem os anjos dos céu, nem o Filho, mas apenas o Pai" (Mateus 24,36).

Para ter uma idéia mais detalhada sobre o ensino magisterial da Igreja sobre o fim dos tempos, leia os parágrafos 671 a 679 do Catecismo da Igreja Católica.

CASO-ROSENDI, Carlos. Apostolado Veritatis Splendor: A FALSA DOUTRINA DO ARREBATAMENTO. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/5969. Desde 27/10/2009.

Retirado do site: Veritatis Splendor

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Crisma

Caros Crismandos

Como sabemos, no próximo domingo teremos reunião com os pais, e para isso, estamos dispondo aqui a pauta para a reunião a se realizar logo após a missa.

1 - Roupa dos Crismandos;
2 - Anuncio de quem irá ou não participar da Crisma;
3 - Data da Confissão para Crisma;
4 - Retiro;
5 - Outros Assuntos;

Esperamos por vocês acompanhados dos seus pais ou responsáveis.

Até domingo.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

UM “T” E UM “D”


Uma vogal que equivaleria ao nosso “i” duas consoantes equivalente ao nosso “t” e ao nosso “d” mexeram por décadas e até por séculos com a doutrina cristã. De certa forma ainda mexem. Por causa de um T, por séculos se discutiu entre os cristãos se Maria era apenas educadora do filho de Deus ou era, de fato, mãe dele, “teo-dokos”, “teo-tokos”.

Por causa de um “i” também por séculos se discutiu na igreja se Jesus era de substância semelhante a Deus ou se era da mesma substância de Deus. O “i” caracterizava a diferença. Os que diziam que Jesus era filho de Deus afirmavam que ele era homo-ousios, e os que diziam que ele era apenas semelhante punham o “i” no meio, ele seria homo-i-ousios. Este simples “i” jogou grupos inteiros uns contra os outros. Equivalente ao “ele é” e ao “ele não é”.


A encíclica de João Paulo II, Ecclésia de Eucaristia nos leva pelo mesmo caminho. Quis dizer que a igreja nasce da eucaristia, depende da eucaristia, encontra o seu sentido a partir da eucaristia. Assim, os fiéis e assim também Maria. Ao usar a palavra “de eucaristia”, o papa quis dizer que nós estamos do lado de cá, como adoradores, e não do lado de lá, como parte da eucaristia.


Podemos ao receber o Cristo e nos tornarmos um com Ele. Essa unidade não é hipoestática. Vem do fato claro de que somos assumidos por Ele, mas “in”, “inata”, na eucaristia está a divindade. Por isso, no altar está Jesus. Nós estamos ao redor. No sacrário está Jesus e nós estamos ao redor. Na cruz estava Jesus, Maria, as piedosas mulheres e o discípulo estavam ao redor “juxta”...
É preciso esta distinção para entendermos o que é crer na eucaristia. Nós aqui e Jesus ali. Depois que o recebemos Jesus é em nós, mas o essencial da nossa fé na eucaristia é que ela é o próprio Cristo. Não é o Cristo “na” hóstia, nem é o Cristo “da” hóstia; é o “Cristo-hóstia”. Ele não entra nem sai da hóstia. Ele é a hóstia. Não é símbolo: é o mistério.


Seremos eucarísticos enquanto nos associarmos àquele que é a própria eucaristia. Maria é eucarística enquanto se associa ao seu filho, que é a própria eucaristia, mas Maria não está na eucaristia. Não é adorada com Jesus. É adoradora como nós. Não recebemos Maria na eucaristia.


Já vi pregadores na televisão a ensinar que se pode comungar Maria na missa. Maria não está naquela hóstia, não está naquele sacrário, não está naquele altar, como não estava naquela cruz. Estava-lhe ao pé. Não fazemos parte do mistério: somos adoradores do mistério; não somos a eucaristia: vamos à eucaristia, dependemos da eucaristia.


Como igreja podemos até dizer que nascemos para a eucaristia, vamos à eucaristia e nos situamos “juxta”, ao pé, ao lado, perto do Cristo; mas a hóstia, a vítima o crucificado, o adorado é Jesus Cristo. Sua mãe é mãe de Deus, mas não é deusa. Aí a grandeza do mistério que professamos. Firmemos esses conceitos para não corrermos o risco de misturar alhos com bugalhos.

Fonte: Site Pe. Zezinho

O Dia da Crisma está chegando

Olá caros crismandos (quase crismados), como foi dito no último encontro, o dia da nossa Crisma será dia 08 de dezembro de 2009. Esta data não poderia ser melhor, pois é o dia da Imaculada Conceição.

 
Para tanto, gostaria de dar algumas dicas sobre a escolha dos padrinhos:

Deve-se seguir as normas do Código de Direito Canônico. Ao padrinho/madrinha, cabe cuidar que o crismando se comporte como verdadeira testemunha de Cristo e cumpra com fidelidade as obrigações inerentes a este sacramento.

O can. 892, coloca que enquanto possível assita ao confirmado um padrinho. Isto significa que nao há obrigatoriedade da presença do padrinho da Crisma.

Para ser padrinho, é preciso preencher as seguintes condições:

  • Ter mais de dezesseis anos;
  • Ser Católico, crismado, já ter recebido o Santíssimo Sacramento da Eucaristia e que leve uma vida de acordo com a fé e o encargo que vai assumir;
  • Não tenha sido atingido por nenhuma pena canônica;
  • que não seja pai / mãe ou namorado(a) do crismando;
  • É conveniente que se assuma como padrinho de Crisma, o mesmo que assumiu esse compromisso no Batismo. É possível, porém, escolher outro padrinho/madrinha de crisma, sobretudo no caso em que os padrinhos de Batismo não estejam em condições de ser exemplos de fé para o crismando. 

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Os Novíssimos - 3ª Parte

O Inferno

Há vários ângulos sob os quais se pode analisar o Inferno. Escolhemos uma penetrante análise desse lugar de tormento, para onde vão as almas daqueles que morreram na inimizade de Deus, extraída da renomada obra Preparação para a morte, de Santo Afonso Maria de Ligório.


Consideremos a pena dos sentidos. É de fé que existe o inferno. E no centro da Terra se acha esta horrível prisão destinada a punir os que se revoltaram contra Deus.

“O que é o inferno? Um lugar de tormentos (Lc 16, 28), como lhe chama o mau rico que a ele foi condenado: lugar de tormentos, onde todos os sentidos e todas as faculdades do condenado devem ter o seu tormento próprio, e quanto mais se tiver ofendido a Deus com algum dos sentidos, tanto mais terá a sofrer este mesmo sentido.

“A vista será atormentada pelas trevas. De quanta compaixão nos possuiríamos se soubéssemos que existia um infeliz encerrado em escuro cárcere por toda a vida, ou por quarenta ou cinqüenta anos! O inferno é um abismo fechado de toda a parte, onde nunca penetrará raio de sol ou de qualquer outra luz. Neste mundo o fogo ilumina; no inferno, deixará de ser luminoso.

“Segundo São Basílio, o Senhor separará do fogo a luz, de tal sorte que este fogo arderá sem iluminar, o que Alberto o Grande exprime mais brevemente nestes termos: “Dividet a calore splendorem” [separou do calor a luz]. O fumo que sair dessa fornalha formará o dilúvio de trevas de que fala São Judas [Tadeu], e que afligirá os olhos dos condenados. São Tomás diz que os condenados só terão a luz suficiente para serem mais atormentados; a esta sinistra claridade, verão o estado horrendo dos outros réprobos e dos demônios, que tomarão diversas formas para lhes causarem mais horror.

“O olfato terá também o seu suplício. Quanto não sofreríamos se nos metêssemos num quarto onde jazesse um cadáver em putrefação! O condenado deve ficar no meio de milhões e milhões de condenados, cheios de vida com relação às penas que sofrem, mas verdadeiros cadáveres enquanto ao mau cheiro que exalam.

“Diz São Boaventura que o corpo de um condenado, se acaso fosse atirado à Terra, bastaria com sua infecção para fazer morrer todos os homens. E ainda há insensatos que se atrevem a dizer: ‘Se for para o inferno, não me hei de achar só!’ Infelizes! Quantos mais lá encontrarem, tanto mais sofrerão, como assegura São Tomás. Tanto mais se sofrerá, digo eu, por causa da infecção, dos gritos e do aperto, porque os réprobos estarão no inferno tão juntos uns dos outros, como rebanho de ovelhas encerradas no curral durante a tempestade; ou, para melhor dizer, serão como uvas esmagadas no lagar da cólera de Deus.

“Daí nasce o suplício da imobilidade: Fiant immobiles quasi a lapis (Exod. 15, 16). Pela maneira como o condenado cair no inferno no último dia, dessa maneira viverá ali constrangidamente, sem nunca mudar de situação, e sem nunca poder mexer pés nem mãos enquanto Deus for Deus.

“O ouvido será continuamente atormentado pelos rugidos e queixas desses infelizes desesperados. A este barulho contínuo acrescentarão sem cessar os demônios ruídos pavorosos. Quando desejamos dormir, é com o maior desespero que ouvimos o lastimar contínuo de um doente, o ladrar de um cão ou o choro de uma criança. Qual não será o tormento dos condenados obrigados a ouvir incessantemente, durante toda a eternidade, esses ruídos e clamores insuportáveis!

“Pelo que diz respeito ao gosto, sofrer-se-á fome e sede. O condenado sentirá uma fome devoradora, mas nunca terá nem uma só migalha de pão. Além disso, será atormentado de tal sede que nem todas as águas do mundo bastariam para lha apagar. Apesar desta terrível sede, não terá uma só gota. O mau rico pediu-a, mas nunca a obteve e não a obterá nunca, nunca!”

Os Novíssimos - 4ª Parte

O Paraíso Celeste

Felicidade do Céu

Depois de entrar na felicidade de Deus, a alma não terá mais nada a sofrer. No paraíso não há doenças, nem pobreza, nem incômodos. Deixam de existir as vicissitudes dos dias e das noites, do frio e do calor; é um dia perpétuo, sempre sereno, primavera perpétua, sempre deliciosa. Não há perseguições nem ciúmes; neste reino de amor, todos os seus habitantes se amam mútua e ternamente, e cada qual é tão feliz da ventura dos outros como da própria. Não há receios, porque a alma, confirmada na graça, já não pode pecar nem perder a Deus. Tudo é novo, tudo consola, tudo satisfaz.


Os olhos deslumbrar-se-ão com a vista desta cidade cuja beleza é perfeita. Que maravilha não nos causaria a vista de uma cidade cujas ruas fossem calçadas de cristal, e cujas casas fossem palácios de prata ornados de cortinados de ouro e de grinaldas de flores de toda espécie. Oh, quanto mais bela ainda é a cidade celeste!

Que delicioso não será ver todos os seus habitantes vestidos com pompa real, porque todos efetivamente são reis, como lhes chama Santo Agostinho: Quot cives, tot reges.

Que delicioso não será ver Maria, que parecerá mais bela que todo o paraíso! Que delicioso não será ver o Cordeiro divino, Jesus, o Esposo das almas!

Um dia Santa Teresa viu apenas uma das mãos de Cristo e ficou cheia de admiração à vista de semelhante beleza.

Cheiros suavíssimos, perfumes incomparáveis regalarão o olfato. O ouvido ouvirá arrebatado as harmonias celestes. Um Anjo deixou um dia São Francisco ouvir um único som da música celeste, e o Santo julgou morrer de felicidade. O que não será ouvir todos os Santos e todos os Anjos cantarem em coro os louvores de Deus! O que não será ouvir Maria celebrar as glórias do Altíssimo! A voz de Maria é no Céu, diz São Francisco de Sales, o que é num bosque a do rouxinol, que vence a de todas as outras aves.

Numa palavra, o paraíso é a reunião de todos os gozos que se podem desejar.

Mas essas inefáveis delícias até aqui consideradas são apenas os menores bens do paraíso. O bem, que faz o paraíso, é o Bem supremo, que é Deus, diz Santo Agostinho. A recompensa que o Senhor nos promete não consiste unicamente nas belezas, nas harmonias, nos outros encantos da bem-aventurada cidade; a recompensa principal é Deus, isto é, consiste em ver Deus face a face a amá-Lo.

Assegura Santo Agostinho que, para os condenados, seria como estar no paraíso se chegassem a ver Deus. E acrescenta que se fosse dado a uma alma, ao sair desta vida, a escolha de ver a Deus ficando nas penas do inferno, ou ser livre das penas do inferno e ao mesmo tempo privada da vista de Deus, ela preferiria a primeira condição.

A felicidade de contemplar com amor a face de Deus, não a podemos conceber neste mundo, mas procuremos avaliá-la, ainda que não seja senão pela rama, segundo os efeitos que conhecemos.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Os Novíssimos - 2ª parte


Juízo: o segundo novíssimo


Do Juízo Particular
A alma culpada diante do Juiz


É sentimento comum entre os teólogos que o Juízo particular se faz logo que o homem expira, e que no próprio lugar onde a alma se separa do corpo, aí é julgada por Jesus Cristo, que não manda ninguém em seu lugar, mas vem Ele mesmo para este fim.

A sua vinda, diz Santo Agostinho, é motivo de alegria para o fiel e de terror para o ímpio. Qual não será o espanto daquele que, vendo pela primeira vez o seu Redentor, o vir indignado! Esta idéia causava tal estremecimento ao Padre Luís Dupont, que fazia tremer consigo a cela. O venerável Padre Juvenal Aucina, ouvindo cantar o Dies Irae (Dia da Ira), pensou no terror que se lhe havia de apoderar da alma quando se apresentasse no dia do Juízo, e resolveu deixar o mundo, o que efetivamente fez. O aspecto do Juiz indignado será o anúncio da condenação. Segundo São Bernardo, será então mais duro sofrimento para a alma ver Jesus Cristo indignado do que estar no inferno.



Têm-se visto criminosos banhados em copioso suor frio na presença de um juiz terrestre. Pison, comparecendo no senado com as insígnias da sua culpa, sentiu tamanha confusão, que a si próprio deu a morte. Que pena não é para um filho ou um vassalo ver seu pai ou o seu príncipe indignados! Que maior mágoa não deve sofrer uma alma à vista de Jesus Cristo, a quem desprezou durante toda a vida! Esse Cordeiro, que a alma via tão manso enquanto estava no mundo, vê-Lo-á agora irritado, sem esperança de jamais O apaziguar. Então pedirá às montanhas que a esmaguem e a furtem das iras do Cordeiro indignado. ....

Considerai a Acusação e o Exame. Haverá dois livros: o Evangelho e a Consciência. No Evangelho ler-se-á o que o culpado devia fazer; na Consciência, o que tiver feito. Na balança da divina justiça não se pesarão as riquezas, nem a dignidade, nem a nobreza das pessoas, mas sim, somente as obras. Diz Daniel: "Fostes pesado e achado demasiadamente leve". Vejamos o comentário do Padre Alvarez: "Não é ouro nem o poder do rei que está na balança, mas unicamente sua pessoa".

Virão então os acusadores, e em primeiro lugar o demônio, diz Santo Agostinho. Representará as obrigações em que não nos empenhamos e que deixamos de cumprir, denunciar-nos-á todas as faltas, marcando o dia e o lugar em que as cometemos.

Cornélio a Lapide acrescenta que Deus porá novamente diante dos olhos do pecador os exemplos dos santos, todas as luzes e inspirações com que o favoreceu durante a vida e, além disso, todos os anos que lhe foram concedidos para que os empregasse na prática do bem. Tereis, pois, de dar conta até de cada olhar, diz Santo Anselmo. Assim como se funde o ouro para o separar das escórias, assim são examinadas as boas obras, as confissões, as comunhões etc.
Do Juízo Particular II
O justo experimenta, ao morrer, um prelibar da alegria celestial

“Com que alegria não recebe a morte o que se acha na graça de Deus e cedo espera ver Jesus Cristo e ouvir-lhe dizer: ‘Bom e fiel servo, recebe hoje a tua recompensa; entra por toda a eternidade na alegria do teu Senhor!’ Que consolação não darão então as penitências, as orações, o desprendimento dos bens terrestres e tudo o que se tiver feito em nome de Deus! Gozará então, o que tiver amado a Deus, o fruto de todas as suas obras.

Persuadido desta verdade, o padre Hipólito Durazzo, da Companhia de Jesus, longe de chorar, mostrava-se alegre todas as vezes que morria algum religioso seu amigo com sinais de salvação. Que absurdo – diz São João Crisóstomo – seria não acreditar na existência do paraíso eterno e chorar o que para ele se dirige.

Que consolação então nos dá especialmente a lembrança das homenagens prestadas à Mãe de Deus! – tais como rosários, visitas, jejuns do sábado e congregações freqüentadas em honra sua. Virgo Fidelis se chama a Maria, e como Ela é fiel em consolar nos últimos momentos os seus servos fiéis!

Conta o Pe. Binet que um piedoso servo da Santa Virgem dizia ao morrer: ‘Se soubésseis o contentamento que, próximo da morte, sentimos na alma por termos procurado servir bem à Santíssima Mãe de Deus durante a nossa vida, ficaríeis admirados e consolados. Eu não posso significar a alegria do coração no momento em que me estais vendo’.

Que alegria também para o que amou a Jesus Cristo, e muitas vezes O visitou no Santíssimo Sacramento e O recebeu na Santa Comunhão, ver entrar no quarto seu Senhor que vem em Viático, para o acompanhar na passagem para a outra vida! Feliz então o que lhe puder dizer como São Felipe Nery: ‘Eis aqui o amor do meu coração, eis aqui o meu amor; dai-me o meu amor!’.

Dirá todavia alguém com receio: ‘Quem sabe a sorte que me está reservada? Quem sabe se por fim terei má morte?’ – A quem fala desta maneira, faço apenas uma simples pergunta: O que é que torna a morte má? O pecado, só o pecado. Logo, é preciso receá-lo unicamente, e não a morte, diz Santo Ambrósio. Quereis não recear a morte? Vivei bem.

O Pe. de la Colombière (Serm. 50) tinha por moralmente impossível que pudesse padecer morte má o que foi fiel a Deus durante a vida. É o que já tinha dito Santo Agostinho. O que está preparado para morrer não receia a morte, qualquer que seja, ainda que venha de improviso.

E como só podemos gozar a Deus por meio da morte, aconselha São Crisóstomo que de bom coração ofereçamos a Deus este sacrifício necessário. Compreenda-se bem que aquele que oferece a Deus a sua morte pratica para com Ele o ato de amor mais perfeito possível, pois que, abraçando de bom coração esta morte que agrada a Deus, no tempo e do modo que Deus quer, torna-se semelhante aos Santos Mártires”.

Os Novíssimos


A Morte: o primeiro novíssimo


A palavra morte nos faz lembrar muitos sentimentos negativos, como dor e separação, entre outros. Nossa experiência cotidiana com esse termo, naturalmente afasta de nós qualquer desejo por essa realidade. E isso é normal, pois fomos criados para a vida e não para a morte. Na luz da fé, a morte entrou na humanidade como conseqüência do pecado original, e o homem iniciou uma vida de sofrimento e infelicidade. Porém, em Jesus Cristo, Deus feito homem, a morte foi abraçada e derrotada no alto da cruz, recebendo um novo sentido para todos nós que cremos na sua ressurreição. Como nos diz Santa Teresinha: “Eu não morro; entro na vida”.


Assim, a morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo da Graça e da Misericórdia que Deus oferece para que realizemos nossa vida segundo Seu projeto e para que seja decido nosso destino último.

Logo após a morte, o ser humano sai da temporalidade e torna-se incapaz de viver uma nova vida terrena (reencarnação), ou fazer uma opção acerca do seu destino. Ensina-nos a sã doutrina da Igreja que a alma humana recebe de Deus uma iluminação intensa imediatamente após a sua separação do corpo, revelando plenamente o valor e o sentido real da sua existência terrestre.

O homem encontra-se com sua mais plena verdade diante do seu Criador, e “recebe, na sua alma imortal, a retribuição eterna logo depois da sua morte, num juízo particular que põe a sua vida na referência de Cristo, quer através duma purificação, quer para entrar imediatamente na felicidade do Céu, quer para se condenar imediatamente para sempre” (Cat 1022). Por isso é importantíssima a assistência àquelas pessoas que estão “aparentemente” próximas do seu momento final, a fim de prepará-las conscientemente para uma opção última e decisiva com relação ao seu destino eterno.

Mas esta orientação também diz respeito a todos os demais que gozam de perfeita saúde, pois nós não sabemos nem o dia, nem a hora em que seremos convidados à presença do Pai. É importante estarmos diariamente nos preparando para este encontro tão importante.
O Livro do Eclesiástico contém um conselho fundamental para nossa salvação: “Em todas as tuas obras, lembra-te dos teus novíssimos, e jamais pecarás (Ecl. 7, 40). Assim se recordamos sempre da morte, do juízo, do céu e do inferno jamais pecaremos. Se o mundo anda tão mal, é porque pouco se medita ou mesmo não se cogita seriamente sobre os Novíssimos. Os Santos, no entanto, não só os tinham sempre presentes, mas também pregavam sobre eles aos outros. Um deles foi o grande Santo Afonso Maria de Ligório, Doutor da Igreja e grande moralista.


Aos 22 anos, formado em Direito Civil e Canônico e um dos mais promissores advogados de Nápoles, tudo abandonou, após um lapso involuntário na defesa de uma causa judicial, para entregar-se às pregações populares.Fundou a Congregação do Santíssimo Redentor e escreveu inúmeras obras. É de sua famosa Preparação para a Morte que extraímos trechos que versam sobre os Novíssimos, começando hoje com a morte.


* * *


“Considerai que sois pó, e que em pó vos haveis de tornar. Virá um dia em que morrereis e sereis lançado à podridão num fosso, onde o vosso único vestido serão os vermes. Tal é a sorte reservada a todos os homens, aos nobres e aos plebeus, aos príncipes e aos vassalos. Logo que a alma saia do corpo com o último suspiro, dirigir-se-á à eternidade e o corpo deverá reduzir-se a pó.


“Imaginai que estais vendo uma pessoa que acaba de exalar o último suspiro; considerai esse cadáver deitado ainda no leito, com a cabeça pendida sobre o peito, os cabelos em desalinho banhados ainda nos suores da morte, os olhos encovados, as faces descarnadas, o rosto acizentado, a língua e os lábios cor de ferro... o corpo frio e pesado. Empalidece e treme quem quer que o vê. Quantas pessoas, à vista de um parente ou de um amigo morto, não mudaram de vida e não deixaram o mundo!


“Mais horrível ainda é o cadáver quando principia a corromper-se. Há apenas 24 horas que esse moço morreu, e já o mau cheiro se começa a sentir. É preciso abrir as janelas e queimar incenso; é preciso quanto antes enviar esse corpo à igreja e entregá-lo à terra, com receio de que venha a infeccionar toda a casa. ....


“No que se tornou esse orgulhoso, esse dissoluto! Ainda há pouco acolhido e desejado nas sociedades, agora objeto de horror e de desgosto para quem o vê! .... Há bem poucos instantes ainda, não se falava senão do seu espírito, da sua polidez, das suas belas maneiras, dos seus bons ditos; mas apenas está morto, já se perdeu a lembrança de tudo isto. ....


“Pensai bem que, assim como vós fizestes na morte dos vossos amigos, assim os outros agirão convosco. Os vivos entram para aparecer por sua vez na cena, ocupando os bens e os lugares dos mortos, e destes já não se faz ou quase não se faz caso ou menção. ...


“Na morte é preciso deixar tudo. O irmão de Tomás de Kempis, esse grande servo de Deus, felicitava-se por ter construído uma casa magnífica. Houve porém um amigo que lhe notou um defeito. ‘Onde está?’ – perguntou ele. Respondeu-lhe o amigo: ‘O defeito que lhe acho é terdes vós mandado construir nela uma porta’. ‘O quê! Uma porta? Pois isso é defeito?’. ‘Sim – acrescentou o amigo – porque um dia, por essa porta, devereis sair sem vida, e assim deixar a casa e tudo o mais’.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A SANTÍSSIMA TRINDADE


EM NOME DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO
(Mt 28,19b)



Quem é Deus?
Deus é um só em três pessoas. Ele é PAI e FILHO e ESPÍRITO SANTO.
É um Deus UNO e TRINO. É modelo de amor e de família a ser seguido pela humanidade.
Esse mistério não cabe em nossa razão, mas deve ser reverenciado e amado.
Nós chamamos esse mistério de Santíssima Trindade.
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Pai - Criador - 1ª Pessoa da Santíssima Trindade
Deus é Amor. Em cada parte desse mundo maravilhoso que Deus criou, nós podemos ver o Amor infinito que Ele tem por cada um de nós. Quando nos criou, Deus nos fez a sua imagem e semelhança e nos encheu de dons. Desde o Primeiro Testamento, através dos profetas, Deus se revelou aos homens e se mostrou um Deus presente, que cuida de seu povo.
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Filho - Salvador - 2ª Pessoa da Santíssima Trindade
Jesus Cristo é a revelação máxima de Deus, que por nos amar tanto, quis ficar bem perto de nós e tornou-se homem. Jesus nos ensinou que Ele é o único caminho que leva a Deus. Nos amou a tal ponto que aceitou morrer na cruz para nos salvar. Mas ressuscitou e está vivo e presente no nosso meio!
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Espírito Santo - Santificador - 3ª Pessoa da Santíssima Trindade
Jesus não quis nos deixar sozinhos, Ele sabia que quando subisse ao céu os discípulos iriam ficar tristes e se sentindo abandonados, mas todas as coisas bonitas que Ele ensinou não podiam ser esquecidas. Por isso Jesus prometeu que o Espírito Santo viria para ser nossa luz. E o Espírito Santo veio para nos dar força, coragem e alegria.

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Assim é nosso Deus. Um só. Ele nos dá o exemplo de perfeita união, nos ensinando a viver em comunidade, sempre somando nossas diferenças para o bem comum.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A renovação da catequese

Repetição nunca foi sinal ou prova de ortodoxia. Noutras palavras, quem quiser ser fiel à Igreja não precisa ficar o tempo todo repetindo frases da Bíblia, fórmulas dos concílios, expressões dos santos Padres, das autoridades, dos teólogos. O que representa conquista da teologia, da catequese, da liturgia, da história, da espiritualidade etc. merece ser conhecido, estudado, respeitado. Mas o que adianta a mera repetição?
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Podemos exemplificar. O mundo tem uma população que ultrapassa os 6 bilhões de habitantes. Os cristãos são calculados em torno de l bilhão e 300 milhões. Mesmo supondo que 2 bilhões de pessoas conheçam o cristianismo, ainda assim 2/3 da população mundial não entendem a linguagem cristã. Assim como muitos cristãos não entendem a linguagem muçulmana, judaica, budista, as religiões africanas ou indígenas, todas elas com milhões de adeptos.
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Até dentro de uma mesma nação as linguagens são diferentes. Por isso, todo esforço deve ser feito para que também a linguagem religiosa seja "traduzida", bem entendida. Desde João XXIII, os católicos aprenderam o verbo italiano aggior-nare, usado no contexto do Concílio Vaticano II: ele significa atualizar, tornar a mensagem cristã compreendida pelo homem moderno. De fato, quantas vezes a gente ouve um sermão de um bispo ou de um pároco ou uma aula de catequese que parecem grego...
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A catequese, por isso, deve se renovar, alargar seu próprio conteúdo, descobrir novas metodologias, utilizar as tecnologias contemporâneas, beneficiar-se dos avanços das ciências da comunicação, servir-se dos conceitos e imagens compreensíveis pelas crianças, pelos jovens e pelas famílias de hoje.
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Para que a renovação seja reflexo da vitalidade catequética, precisamos, porém, evitar toda improvisação, precipitação ou mesmo temeridade. A renovação não deve trazer confusão para as crianças e jovens ou para seus pais, a fim de não comportar desvios e ruptura da unidade da fé cristã. A Igreja soube renovar-se tantas vezes e deve continuar renovando a catequese para maior vigor da fé.
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QUE DESAFIOS AINDA EXISTEM PARAA RENOVAÇÃO DA CATEQUESE?
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A catequese não pára porque é um processo e, por isso, precisa estar sempre atualizada. O mundo muda, as comunidades mudam e a catequese precisa mudar, também. Destaco aqui alguns desafios nesta mudança:
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A) É importante optar definitivamente pela catequese com os adultos, como pede CR n.º 130 e como o propôs a 2ª Semana Brasileira de Catequese.
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Essa decisão, evidentemente, exige uma revolução em relação aos destinatários, conteúdos e métodos da catequese e em relação aos catequistas;
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B) Um segundo desafio na mudança se refere ao papel da linguagem na educação da fé. Ela já não prioriza tanto a linguagem filosófico-teológica do catecismo, mas ao traduzir os conteúdos da fé cristã, a catequese está aprendendo a falar com o homem e a mulher da modernidade e do mundo urbano, da cultura cibernética de hoje e com o homem secularizado que não tem mais aquele lastro da linguagem da Igreja.
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C) Um terceiro elemento bem desafiador é o todo complexo e rico mundo dos meios de comunicação social (MSC), que se tornaram a gigantesca escola do mundo moderno para informar e, também, para influenciar as mentalidades e os costumes. Como a catequese leva em conta este poder?
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D) Um quarto desafio continua sendo para a catequese a situação atual da família. Na crise em que está, ela não socializa mais os elementos básicos da fé cristã, o ambiente cristão, os costumes cristãos. As crianças e jovens chegam à catequese paroquial sem um preparo mínimo e nem sempre poderão contar com o apoio da família para o crescimento na fé.
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Ora sabemos que os pais são os primeiros e principais responsáveis pela vida, pela educação e pela fé dos filhos.
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A catequese com crianças e jovens tem de assumir, também, a catequese dos pais e aliar-se com a pastoral familiar e a pastoral de juventude.
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E) Um quinto desafio é a formação de catequistas. Contamos com o milagre de muita gente disposta e dedicada. Mas falta o preparo. Algumas escolas para formar catequistas têm resvalado para cursinhos de teologia, não levando em conta o específico da catequese: conteúdo ao estilo da catequese (Bíblia, doutrina, realidade), linguagem, metodologia, espiritualidade, pedagogia, psicologia, comunicação...
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F) E um sexto desafio é conseguir o envolvimento e a atualização catequética das várias pastorais e movimentos, dos padres, das editoras e dos elaboradores de materiais de catequese. Quem tem a liderança e quem coloca à disposição textos, vídeos e canções, precisa estar em sintonia com a renovação da catequese, caso contrário se estabelece conflito e confusão.
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G) Vejo ainda como desafio o aprisionamento da catequese aos sacramentos, no estilo de um cursinho em preparação a tal ou qual sacramento. Ora, a catequese é uma educação da fé, da esperança e da caridade e tem como objetivo ajudar o cristão a caminhar para a sua maturidade em Cristo, dando firmeza no seguimento de Jesus, no seu compromisso com a comunidade eclesial e no seu engajamento da missão de construir o Reino de Deus. Os sacramentos fazem parte deste processo, mas não são a meta, o ponto de chegada da catequese.
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Como usar drogas corretamente

Quanto mais você dá... mais recebe. Você sabia que é capaz de produzir suas próprias drogas sem ter que semear Amapola, maconha ou comprar pó destilado em acetona e cimento? Pois é, isso é possível. O cérebro, movido pelas emoções, produz substâncias químicas que fazem com que a pessoa eleve sua auto-estima, experimente sensação de euforia, fique animada e feliz, alegre e vigorosa, sem a necessidade de tomar injetar ou fumar qualquer porcaria.
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O cérebro produz algumas substâncias denominadas hormônios endogênicos (produzidos no córtex cerebral) que bem poderiam se chamar "drogas da felicidade". Algumas delas são:
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A oxitocina, produzida quando existe um amor passional e se relaciona com a vida sexual.A dopamina, que é a droga do amor e da ternura.
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A finilananina, que gera entusiasmo e amor pela vida.
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A endorfina, que é um transmissor de energia e equilibra as emoções, o sentimento de plenitude e responsável também pela depressão.
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A epinefrina, que é um estímulo para o desafio da realização de metas.
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Se temos abundância destes hormônios endogênicos, temos inteligência emocional e inter-pessoal; a pessoa sabe quem é, onde está, aonde vai; controla suas emoções, conhece suas habilidades e seus talentos e sente-se dona de si mesma.Quando e como estas drogas internas são criadas?
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Quando realizaram uma análise bioquímica do sangue da Madre Teresa, descobriram que era uma pessoa altamente dopamínica; isto é, plena e feliz.
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No caso dela, o segredo da felicidade era ajudar o próximo, ela se realizava pessoal e emocionalmente ajudando os mais necessitados. Madre Teresa era viciada numa droga conhecida como "ajuda ao próximo".
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Outros exemplos:
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Quando uma mulher vai dar a luz, seu corpo é tomado por uma alta dose de dopamina, isto é, gera uma quantidade enorme da droga do amor e da ternura.
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Quando estamos apaixonados, a dopamina pode chegar a aumentar até sete mil vezes sua quantidade, acompanhada da oxitocina, responsável pela paixão e pelo tesão e das fenilananinas, responsáveis pelo entusiasmo que bloqueiam o aspecto da lógica e da razão. Em algumas situações é recomendado o uso do
Semancol para baixar o nível desta droga.
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Os corpos dos recém casados é tomado por grande quantidade de oxitocina. Por isso eles irradiam felicidade, se sentem plenos, alegres e motivados.
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Como vemos, a felicidade não é algo vadio e impreciso, nem uma sensação nebulosa: é o efeito de um fluxo correto de substâncias químicas que proporcionam ao ser humano seu equilíbrio físico e psíquico. Assim, a felicidade pode ser incrementada por meio de várias atitudes ou atividades, todas produtoras destas "drogas" internas:
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· Amar e desfrutar apaixonadamente de tudo o que fazemos.
· Ter relações com pessoas que nos motivam e enriquecem nossa força vital.
· Ter uma auto-estima positiva e um sentido do valor pessoal, de que somos muito importantes.
· Trabalhar e conseguir pequenas ou grandes metas.
· Descansar e dormir profundamente.
· Controlar adequadamente o estresse.
· Ouvir música (Escutar Pink Floyd me deixa dopado de endorfina).
· Fazer exercícios regularmente: "mente sã em corpo são".
· Recordar os momentos felizes de nossa vida, já que nesses momentos a mente não distingue entre o real e o imaginário.
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Por mais bicho grilo antenado que pareça isso, o segredo está dentro de nós. Estar, sentir-se feliz é, em parte, uma questão de atitude para a vida: as drogas da felicidade não estão aí no exterior, senão que são criadas mediante uma vida cheia de amor, entrega, otimismo, exercício, satisfação pessoal ante a realização de metas e devoção e alegria pelo que fazemos no nosso dia-a-dia.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Dez coisas que eu gostaria de dizer aos pais que não ajudam em nada a catequese

Confesso: eu deveria ser mais tolerante com os pais das crianças e jovens da catequese. Mas não estou conseguindo. Em muitas ocasiões, me sinto desrespeitado e desvalorizado como catequista em função deste descaso dos pais com a catequese. Isso me deixa “P” da vida. Fico estressado, chateado, acabo desanimando, me dá vontade de jogar tudo para o alto, fico mais agressivo e acabo descontando em pessoas que não tem nada haver com isso. Minha vida pessoal acaba sendo afetada.
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Parece incrível, mas esta inegável omissão dos pais em relação aos seus filhos me atinge diretamente. Fico pensando: como pode um trabalho que faço de forma gratuita, voluntariamente, afetar tanto meus sentimentos, humor e paciência? Não deveria ser ao contrário, ou seja, por ser com esta finalidade, que eu ficasse alegre, feliz, paciente, otimista e agradecido?
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Tem sido assim. Eu mais me estresso do que me alegro. Mais me indigno que me regozijo. Encontro mais motivos para dizer “tchau, não volto mais” do que para dizer “nos encontraremos em breve”.
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Esta inércia dos pais me irrita. Esta desconfiança e desinteresse pelas coisas de Deus me transtornam. Eu não consigo disfarçar a minha dor em relação isso. Preciso desabafar. Tem algumas coisas que eu gostaria de dizer aos pais que inscrevem os filhos na catequese. Mas não tive coragem de dizer tudo, de uma só vez. Mas se um dia eu disser, será num tom forte, olhando nos olhos de cada um, e estaria pronto para as reações contrárias.
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Eu lhes diria:
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Vocês não são obrigados a inscrever seus filhos na catequese. Por isso, se nos procuraram de livre e espontânea vontade, aceitem nossas regras e não fiquem reclamando de tudo;
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Os catequistas de vossos filhos são pessoas normais, que tem família, trabalho, atividades pessoais, faculdade, problemas, alegrias, frustrações, desânimo, ou seja, sentimentos comuns a qualquer pessoa. Por isso, trate-o com mais carinho e com mais respeito. Pelo menos, tentem saber qual é o nome dele. Isso já será de grande valia.
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Quando organizamos palestras, encontros e reuniões, é porque queremos construir uma ponte de relacionamento com vocês. Se não querem participar, não participem. Mas se quiserem, venham com vontade e não fiquem bufando na nossa frente ou olhando o relógio para ver que hora o encontro termina;
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A catequese não é depósito de crianças e jovens que não tem o que fazer. A catequese é um lugar de aprofundamento dos assuntos de Deus. Eles precisam aprofundar aquilo que já deveriam saber através dos ensinamentos de vocês, pais. Se vocês nunca falam de Deus com seus filhos, não coloquem nas costas dos catequistas esta obrigação;
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Não reclamem do tempo de duração da catequese. Isso nos entristece. A catequese é um processo contínuo. Se for um, dois, três ou quatro anos, isso não importa. Mas se você acha que é demais, não inscreva o seu filho. Vocês são livre para isso.
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Não ensinem vossos filhos a mentir. Estamos carecas de saber que muitos pais, burlam as regras definidas na catequese, não participam de eventos e atividades, pois optam pela chácara, o jogo de futebol, o passeio ou até mesmo a preguiça. Sejam verdadeiros, não mintam e não ajudem os seus filhos a inventarem desculpas para tentar enganar os catequistas.
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Se vocês são espíritas, sejam bons espíritas, mas não queiram ser católicos também. Uma coisa é bem diferente da outra. Não têm como andar junto. Uma religião prega a ressurreição. A outra, prega o oposto, a reencarnação. Ou vocês são católicos ou são espíritas. As duas, não dá para ser.
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Antes de culpar a Igreja disso ou daquilo, fiquem sabendo que Igreja são vocês também. Então, ao invés de ficarem apenas arranjando defeitos, porque vocês não exercitam mais o vosso catolicismo, participando de algum serviço ou pastoral e tentando observar com mais atenção o imenso esforço que muitos leigos fazem?
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O dia da primeira comunhão ou crisma não é formatura. Se vocês estão preocupados com roupa, janta e como será a festa , então vossos propósitos são completamente diferentes dos nossos.
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10º E último, tratem a catequese da mesma forma que vocês tratam a escola, curso de inglês, escolinha de futebol, informática e as festinhas no clube que seus filhos tanto gostam. Não precisam abrir mão de tudo isso por causa da catequese. É só dar a mesma importância. Para nós catequistas, já será bem melhor e nos fará mais felizes.
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Juro para vocês, gostaria de dizer isso, de uma tacada só para muitos pais.Tenho dito, nos últimos anos, não diretamente, mas indiretamente e em doses homeopáticas.
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Mas todo ano, volto a sentir as mesmas coisas. São sentimentos que me acompanham e que me perturbam, pois eu gosto demais da catequese.
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Se nada disso me afetasse, por certo, alguma coisa estaria errada na minha relação com as coisas de Deus. Não há quem não reclame, parece unânime. Se a catequese não anda melhor é por causa do desinteresse dos pais, precisamos fazer alguma coisa urgentemente.
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Quanto a mim, não dêem bola, meus amigos catequistas, eu sou assim mesmo. Estou apenas pensando em voz alta. E nada melhor do que desabafar com vocês através destes textos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

MENSAGEM AOS ESPERTOS E AOS BONITOS


Os gregos acreditavam num deus supremo e em muitos deuses menores. Na sua catequese mostravam os pecados do deus supremo a quem chamavam Zeus e dos seus deuses e deusas que tinham as virtudes e os defeitos dos seres humanos. Ao mostrar os desvios de conduta dos seus deuses e heróis ensinavam como é difícil uma pessoa se conhecer de verdade.
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Os judeus responderam dizendo: - Nosso Deus é santo e não é como os deuses dos outros povos. Entre eles estavam os deuses gregos. Mas a Bíblia narra também as virtudes, os erros e desvios e os defeitos dos seus personagens, patriarcas e profetas e começar por Adão e Eva e seus filhos até o último dos profetas. Saber quem somos é uma das missões mais difíceis da vida. Gostamos muito de analisar os outros, mas fugimos de nos analisar e não gostamos de quem nos analisa. Preferimos os amigos, os que nos aplaudem e elogiam e concordam conosco.
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Sócrates ensinava: conhece-te! Jesus ensinou: Ame a Deus, ame-se e ame os outros como se eles fossem você. São Francisco, na sua famosa oração, pediu a Deus a graça de saber amar-se, saber amar os outros e saber ser amado. Ai estava a chave do auto-conhecimento. É o drama de milhões de pessoas. Não sabem quem são e por isso não sabem dar nem receber. Vivem insatisfeitos. Nada os satisfaz. Querem demais da vida e dos outros e abraçam mais do que podem levar. Não são felizes. Não descobriram o suficiente e o bastante.
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BELEZA E ELOGIOS NÃO BASTAM
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Uma leitura da mitologia grega de 24 séculos atrás e o conhecimento das histórias de personagens que, por terem dinheiro, beleza ou fama se viam como deuses, semi-deuses, deusas, ninfas e heróis acima dos outros pode ajudar muitos jovens ou adultos de hoje a examinar-se. Na procura do seu porquê e da sua verdadeira identidade a maioria não percebe o quanto alguém pode se desviar de si mesmo. Quem cria um falso eu e vive acreditando que ele é aquela falsa imagem que criou para si e para os olhos dos outros não é feliz. Significativamente os personagens da mitologia grega e da Bíblia, todos eles têm chance de refletir e deixar aquelas atitudes, mas quase todos a rejeitam. Uns poucos apanham e aprendem. A maioria apanha e não aprende.
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Destaco, para rapazes e moças, as histórias de Eco, Psiquê, Narciso e Midas. Representam as moças superficiais e fúteis que odeiam livros; as bonitas que só pensam em desfiles, passarelas, moda e cosméticos; os bonitões inteligentes e irresistíveis, mas terrivelmente manipuladores que conquistam todos e todas, mas não assumem ninguém; e os desesperados por conforto, dinheiro e sucesso. Um olhar pela mídia, e pela sociedade nos mostra que os gregos de 2.400 anos atrás estavam certos. Essa gente existe.
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ECO, A SUPERFICIAL
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Eco era uma ninfa que só queria saber de festas. Adorava ser o centro das atenções e ter a última palavra em tudo. Falava demais e foi punida pela ciumenta Juno, mulher de Júpiter a quem ela enganou com sua conversa fútil. Como adorava distrair e interromper os outros, tornou-se incapaz de ter idéias próprias. Foi condenada a repetir para sempre o que ouvia dos outros: inho , inho, inho, ão, ã, ão. Já que não tinha conteúdo para sustentar uma conversa, então que continuasse burra e tola, repetindo o que ouvia, mas sem entender o que ouvia. Nunca se ouviu da sua boca uma sentença de sabedoria. Apaixonou-se por Narciso o sedutor que a largou. Ninguém queria viver com Eco, a superficial. Nem ele que era lindo, mas era ainda mais vazio do que ela.
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PSIQUÉ: LINDA, MAS INCAPAZ
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Psiquê significa borboleta, mas também simboliza a alma humana. Borboleta porque sai de um feio casulo e torna-se bonita e desejável, mas nunca voa reto. Não sabe fazer outra coisa além de ser bela. Vive indecisa e precisando de ajuda. É símbolo da alma humana, intrincada e misteriosa, mas pouco sólida, sempre carente e necessitada de complementação.
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Psiquê foi uma princesa, filha mais nova de um rei. Foi a humana mais linda que se viu. Despertava inveja até em Vênus, a deusa da beleza. Caravanas vinham de cidades longínquas para contemplá-la e seus integrantes poderem dizer: - Eu vi Psiquê. A moça vivia um permanente concurso de miss universo. Foi a primeira modelo do mundo. Mas tudo o que ela sabia era ser bonita. No resto, não sabia tomar decisões. Não sabia se defender. O vento Zéfiro e o deus Cupido tiveram que ser seus protetores. A moça era linda, mas incompetente.
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Mas Psiquê não era má. Foi mais ferida do que feriu. Pagou um altíssimo preço por sua beleza. Todos queriam chegar perto, vê-la e tirar uma lasquinha, mas homem algum ousava se casar com ela. Eram incapazes de conviver com uma quase deusa que todos queriam. Perseguida pela inveja e ciúme de Vênus, que viu nela um perigo para o seu trono, desprezada pelas outras mulheres que viam nela uma competição permanente, ameaçada pelo ciúme dos homens que a queriam, mas não sabiam conviver com a sua beleza , alternou entre a depressão, o sono profundo, a fuga em si mesma e o papel de coitadinha. Tinha tudo de uma borboleta. Aliás, este era o seu nome: Psiquê.
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Quem a ajudou, mesmo contra a vontade da mãe Vênus foi o deus Cupido que se apaixonara por ela, não sem primeiro se ferir com a beleza da moça. A duras penas Psiquê teve que aprender a administrar a solidão e o preço da sua formosura. O acento na beleza lhe saiu muito caro. Só não acabou em tragédia porque, Zeus dobrou Vênus e teve pena da moça. Transformou-a em deusa de verdade e ela se uniu a Cupido que a também a amava sem condições. Seu amor era puro. Ambos tiveram uma filha chamada Prazer. Mas Psiquê teve em seu favor o fato de que nunca usou da sua beleza para seu próprio proveito.
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NARCISO, O EGOCÊNTRICO
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Narciso foi o oposto de Psiquê. Navegou sem nenhum escrúpulo nos barcos da beleza e da fama. Sabia que era bonito e fez da beleza a sua arma. Usou a quantos podia usar. Foi intencionalmente um algoz, sem laços com ninguém. Os outros, para ele, eram trampolins. Usava-os enquanto lhes eram úteis. Depois descartava-os.
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Utilitário e pragmático, punha diante de si um alvo e o perseguia sem dó nem piedade de quem lhe atravessasse o caminho. Afinal, era um humano quase deus! Sabia do frisson que a sua beleza de saradão causava nas moças do seu tempo. A primeira das suas vítimas foi Eco, a vazia, divertida, mas superficial e sem idéias. Logo se cansou dela. Seus ex amigos e desafetos se contavam aos milhares. Primeiro vinha o encanto depois o desencanto. A alma de Narciso não lhe saíra ao corpo. Era feia. Nunca houve egoísta maior do que Narciso porque era um ególatra. Adorava-se.
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Narciso adorava-se porque na verdade não se conhecia. Achava-se mais lindo e poderoso do que realmente era. Supervalorizou seu lindo corpo e sua linda fala. Disso viveu. Eram sua isca. Brincava com esse poder. Seguro de si, a ninguém ouvia. Quem o via pensava logo num deus em forma de homem. O depois é que o estragava. Encantava as pessoas, mas não conseguia tê-las consigo porque seu negócio era ele mesmo. Amava-se demais. Seria o personagem correto para a canção Eu me amo! Não posso mais viver sem mim! Era lindo demais para dividir sua vida com os outros.
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Construíra um nicho ao redor de si e daquele nicho não descia a não ser para ganhar mais adoração e mais títulos. Montara um cerca ao seu redor e no seu lindo eu só entrava quem ele queria. Utilitarista e pragmático, nunca sentiu nada por quem quer que fosse. O que Narciso não sabia é que um dia toparia consigo mesmo de maneira trágica. E assim foi. Naquele dia viu o seu próprio rosto refletido num lago. Como não se conhecia apaixonou-se perdidamente por aquele rosto que era ele mesmo. Ironicamente a sua imagem parecia rejeitá-lo. Quanto mais ele a queria, menos ela o acolhia. Parava a meio caminho. Mergulhou atrás de si mesmo e morreu afogado e desesperado para encontrar a própria imagem, a única pessoa da qual ele gostou de verdade.
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Seu lindo corpo sarado nunca foi encontrado. Dizem que se tornou uma flor chamada Narciso!
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MIDAS: O GANANCIOSO
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Midas, era rei e herdara o trono do seu pai o Rei Górdio, um carroceiro pobre transformado em rei. Odiava tanto a pobreza da qual viera, que quis todo o ouro e conforto em que pudesse por a mão. Seu negócio era ouro, muito ouro e muito conforto. Foi outra figura patética e trágica da mitologia grega. Buscou o luxo e a sofisticação sem limites. Louco por riqueza pediu a Baco que lhe desse o poder de transformar em ouro tudo que tocasse. Baco, o deus dos embriagados, prontamente lhe deu este poder.
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Midas definhou de fome até se arrepender do seu pedido, porque tudo o que tocava virara ouro, inclusive comida e água. Dizem que ele se arrependeu e tornou-se um rei corajoso que dizia o que pensava. Por não bajular Apolo e achar que o deus Pã tocava sua flauta melhor do que Apolo tocava a lira, foi punido e ficou com orelhas de asno. Precisou por toda a vida ocultá-la com um turbante. De novo simples, mas honesto, pagou o preço por dizer o que pensava. De certa forma Midas perdeu, mas venceu. Deixara de ser escravo da bajulação e da riqueza. Tornara-se livre. Quem sabia do seu problema achavam que ele era burro, mas Midas era verdadeiramente livre. Nada mais o prendia senão a verdade!

Adorar imagens?



Uma das mais freqüentes acusações que nós, católicos, sofremos de nossos irmãos protestantes, é a de praticar a "idolatria", porque, segundo eles, "adoramos" imagens. Trata-se de uma acusação absolutamente sem fundamento, que somente se explica pelo desconhecimento da Palavra de Deus. Com efeito, os protestantes falam esse tipo de coisa dos católicos, muitas vezes com violência e de modo agressivo, simplesmente porque não sabem o que é idolatria.
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Idolatria não é o uso de imagens no culto divino, mas prestar a uma criatura o culto de adoração que devemos exclusivamente a Deus. É por isso que São Paulo Apóstolo nos adverte que a avareza é uma idolatria (cf. Col 3,5), uma vez que o avarento coloca o dinheiro no lugar de Deus, como o valor supremo de sua vida.
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Todo o comportamento humano depende de valores: é em vista de um determinado valor que escolhemos agir de um modo ou de outro. Se, por exemplo, preferimos gastar nosso tempo dando catequese para crianças, é porque essa opção nos pareceu mais valiosa do que outras.
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Assim sendo, a forma como ordenamos as nossas ações vai depender de como hierarquizamos os valores que adotamos para reger nossas vidas. Se colocamos como valor supremo o prazer da vida corporal, certamente não poderemos levar uma vida de pureza e abnegação. Todavia, a forma como hierarquizamos esses valores, em nossa subjetividade, deve coincidir com a hierarquia objetiva dos valores presente no universo. Se isto não se der, haverá uma distorção entre a forma com que vemos o mundo e o próprio mundo.
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Repetindo: a nossa hierarquia subjetiva de valores deve coincidir com a ordem objetiva de valores presente no cosmos. Se não for assim, estaremos dando a certas coisas mais importância do que elas merecem, enquanto a outras não prestamos o devido valor. Isto é introduzir a desordem em nossa alma, é quebrar a harmonia que deve existir em nosso interior.
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Ora, o que há de mais importante no universo é Deus, pois é Ele quem o criou e sustenta no ser. Todo o cosmos depende de Deus para existir. Logo, também em nossa hierarquia de valores, Deus deve ocupar o primeiro lugar, como valor supremo. Todos os demais valores e ideais devem submeter-se a ele. Quando colocamos outro bem, valor ou ideal no lugar que é exclusivo de Deus, destoamos da ordem do cosmos e caímos na idolatria. Afinal de contas, todo o universo canta a glória de Deus (cf. Sl 18,2). Diz o salmista: "Louve a Deus tudo o que vive e que respira, / tudo cante os louvores do Senhor!" (Sl 150,5).
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Quem, portanto, não coloca a Deus como valor supremo de sua vida, não apenas nega a adoração exclusivamente a Ele devida, como também prejudica a si próprio. Por isso Deus ordenou no primeiro mandamento de sua Lei: "Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da escravidão. Não terás outros deuses diante de mim" (Ex 20,2-3). Do mesmo modo o Senhor Jesus, quando repeliu o demônio que o tentava, repetiu o preceito: "Adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás" (Mt 4,10).
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Todavia, se devemos adorar somente a Deus, isso não significa que não devemos honrar e invocar seus santos e anjos. O mesmo Deus que ordenou que adorássemos só a Deus, também mandou honrar os pais (cf Ex 20,12), as autoridades públicas (cf. Rom 13) os nossos superiores e as pessoas mais idosas. Prestar honra a essas pessoas, simples criaturas, em nada prejudica a adoração devida exclusivamente ao Criador.
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Se devemos honrar os governantes deste mundo, quanto mais os anjos, de cujo ministério Deus se serve para governar não só a Igreja, como também todas as coisas criadas. Foi por isso que Abraão prostrou-se diante dos três anjos que lhe apareceram em forma humana, para anunciar o nascimento de seu filho Isaac (cf. Gen 18,2).
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Ensina a Igreja e a Sagrada Escritura que desde o início até a morte a vida humana é cercada pela proteção e intercessão do anjo da guarda: "Eis que eu enviarei o meu anjo, que vá adiante de ti, e te guarde pelo caminho" (Ex 23,20). Pela invisível assistência dos anjos, somos quotidianamente preservados dos maiores perigos, tanto da alma como do corpo. Com a maior boa vontade, patrocinam a nossa salvação e oferecem a Deus as nossas orações e nossas lágrimas. O Senhor Jesus advertiu que não se devia dar escândalo aos pequeninos, porque "seus anjos nos céus vêem incessantemente a face de seu Pai, que está nos céus" (cf. Mt 18,10). Se os anjos contemplam a Deus sem cessar, por que não seriam merecedores de grande honra?
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Também o culto aos santos, longe de diminuir a glória de Deus, lhe dá o maior incremento possível. Canta a Virgem Maria no Magníficat que "o Poderoso fez em mim maravilhas" (Lc 1,49). Quando honramos retamente um santo, proclamamos as maravilhas que a graça de Deus operou na vida dele. Como se diz no Prefácio dos Santos, "na assembléia dos santos vós sois glorificado e, coroando seus méritos, exaltai vossos próprios dons". A santidade que veneramos nos homens santos é dom do único Santo. Honrando os santos, glorificamos a Deus que os santificou.
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Deus é um Pai amoroso, a quem muito agrada ver seus filhos intercedendo uns pelos outros. Ademais, quis associar suas criaturas na obtenção e distribuição de suas graças. Muitas coisas Deus não as concede, se não houver a intervenção de um intercessor. Para que os amigos de Jó fossem perdoados, por exemplo, foi necessária a sua intercessão: "O meu servo Jó orará por vós; admitirei propício a sua intercessão para que se não vos impute esta estultícia, porque vós não falastes de mim o que era reto" (Jó 42,8). Também não é sinal de falta de fé em Deus, recorrermos à intercessão dos santos em nossas orações. O centurião, por exemplo, recorreu à intercessão dos anciãos dos judeus (cf. Lc 7,3) para que Jesus curasse seu servo, mas nem por isso o Senhor deixou de enaltecer sua fé com os maiores elogios: "Em verdade vos digo que não encontrei tanta fé em Israel" (Lc 7,9).
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É verdade que temos um único Mediador na pessoa de Jesus Cristo Nosso Senhor. Só Ele nos reconciliou com o Pai pelo oferecimento de seu precioso sangue, entrando uma só vez no Santo dos Santos, consumou uma Redenção eterna (cf. Hebr 9,11-12) e não cessa de interceder por nós (cf. Hebr 7,25). Todavia, o fato de termos um único Mediador de Redenção, não significa que não podemos ter junto dele outros mediadores de intercessão. Se recorrer à intercessão dos santos prejudicasse a glória devida unicamente a Cristo Mediador, o Apóstolo Paulo não pediria, com tanta insistência, que seus irmãos rezassem por ele: "Rogo-vos, pois, irmãos, por Nosso Senhor Jesus Cristo e pela caridade do Espírito Santo, que me ajudeis com as vossas orações por mim a Deus" (Rom 15,30). "Se vós nos ajudardes também, orando por nós..." (2Cor 1,11). Se as orações dos que vivem nesta terra são úteis e eficazes para que sejamos ouvidos por Deus, quem dirá as orações daqueles que já estão em glória, contemplando a Deus face a face.
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No livro dos Atos dos Apóstolos, conta-se que "Deus fazia milagres não vulgares por mão de Paulo, de tal modo que até, sendo aplicados aos enfermos os lenços e aventais que tinham tocado no seu corpo, não só saiam deles as doenças, mas também os espíritos malignos se retiravam" (At 19,11-12). E também que "traziam os doentes para as ruas e punham-nos em leitos e enxergões, a fim de que, ao passar Pedro, cobrisse ao menos a sua sombra algum deles" (At 5,15). Se as vestes, os lenços e a sombra dos santos, já antes de sua morte, removiam doenças e expulsavam demônios, quem será louco de dizer que Deus não possa fazer os mesmos milagres por intermédio deles, depois de mortos? E também disso as Sagradas Escrituras dão testemunho, quando se narra o episódio do cadáver lançado na sepultura do profeta Eliseu: "Logo que o cadáver tocou os ossos de Eliseu, o homem ressuscitou e levantou-se sobre os seus pés" (2Rs 13,21).
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Todavia, se devemos honrar e venerar os santos e anjos como fiéis servidores do Senhor, é gravíssimo pecado colocá-los no lugar de Deus, prestando-lhes culto de adoração. Este abuso é estranho a verdadeira doutrina católica.
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Quanto às imagens, é verdade que o Antigo Testamento proibia que fossem feitas: "Não farás para ti imagem alguma do que há em cima no céu, e do que há embaixo na terra, nem do que há nas águas debaixo da terra" (Ex 20,4). Todavia, precisamos compreender a razão desta proibição.
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Os hebreus viviam no meio de povos idólatras, cujos deuses eram concebidos como tendo formas visíveis, muitas vezes com figura de animais. Para ressaltar a transcendência e a espiritualidade do Deus verdadeiro, este preceito proibia que os israelitas representassem a divindade com imagens. Com efeito, Deus em si mesmo não está ao alcance da nossa vista: é um ser puramente espiritual, não tem corpo, não cabe nos limites do espaço, nem pode ser representado por nenhuma figura. "Não vistes figura alguma no dia em que o Senhor vos falou sobre o Horeb do meio do fogo" (Dt 4,15).
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Todavia, a encarnação do Filho de Deus superou a proibição de se fazer imagens. Isso porque, quando "o Verbo se fez carne, / e habitou entre nós" (Jo 1,14), Ele se tornou visível a nós como homem. Invisível em sua divindade, Deus se tornou visível na humanidade de nossa carne. Como diz o Prefácio do Natal do Senhor, "reconhecendo a Jesus como Deus visível a nossos olhos, aprendemos a amar nele a divindade que não vemos".
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A diferença do cristianismo com todas as outras as religiões é que o nosso Deus se fez homem. O centro da Fé cristã é o mistério de Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro. Perfeitamente homem, sem deixar de ser Deus. Mesmo depois da Ressurreição, o Cristo manteve a sua natureza humana na sua integridade e perfeição, como fez questão de sublinhar aos Apóstolos: "Olhai para as minhas mãos e pés, porque sou eu mesmo; apalpai, e vede, porque um espírito não tem carne, nem ossos, como vós vedes que eu tenho" (Lc 24,39). Até hoje, no Céu, dentro do peito de Jesus bate incessantemente um coração de carne, em suas veias corre sangue verdadeiramente humano.
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Jesus Cristo é "a imagem visível de Deus invisível" (cf. Col 1,15). Se antes eu não podia fazer imagens de Deus, pois enquanto tal Ele é invisível; após a Encarnação do Verbo eu não apenas posso como devo fazer imagens, para atestar que Deus se fez visível aos olhos dos homens. Ensina São João Damasceno: "Quando virmos aquele que não tem corpo tornar-se homem por nossa causa, então poderemos executar a representação de seu aspecto humano. Quando o Invisível, revestido de carne, torna-se visível, então representa a imagem daquele que apareceu..."
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Assim sendo, toda vez que honramos uma imagem sagrada, damos testemunho da nossa Fé no mistério da Encarnação do Filho de Deus. Portanto, quem renega as imagens, de certo modo atenta contra a fé nesse mistério. Este foi o critério que São João propôs para discernir o anticristo: "Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio na carne, é de Deus; todo espírito que divide Jesus, não é de Deus, mas é um anticristo, do qual vós ouvistes que vem, e agora está já no mundo" (1Jo 4,2-3).
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Rejeitar as imagens sagradas é voltar à Antiga Lei, quando Deus ainda não tinha se feito homem. Quem defende isso, para ser coerente, deve também praticar a circuncisão e guardar o sábado, como é prescrito na Lei de Moisés. Para essas pessoas, o Cristo não veio ainda.
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Portanto, beijar uma imagem ou acender diante dela uma vela não são práticas idolátricas, mas atos de piedade. Somente pessoas ignorantes, que não compreendem os dogmas da Fé em seu verdadeiro sentido, podem ter a audácia de chamar de idolatria essas práticas. Quem venera uma imagem, venera a pessoa que nela está representada. Aquilo que a Bíblia nos ensina com palavras, as imagens nos anunciam com figuras visíveis. A imagem re+presenta, ou seja, torna presente a pessoa simbolizada. Por isso podemos rezar diante das imagens como se estivéssemos diante das personagens que elas representam. Todavia, não podemos confundir essa presença, que é meramente uma presença simbólica, com a presença real de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Na imagem Jesus está presente como em um símbolo, na Eucaristia como realidade substancial. Por isso, diante do Santíssimo Sacramento fazemos genuflexão, diante de uma imagem fazemos o sinal-da-cruz ou uma simples reverência de cabeça.

O que é amor e o que é paixão?

Muitos me perguntam qual a diferença entre amor e paixão, embora seja difícil de fazer essa separação, vou tentar aqui demonstrar o que é o amor, assim você poderá deduzir que, aquilo que não for amor, talvez seja paixão.
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Mas, na verdade, em que consiste o verdadeiro amor?
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Quando somos crianças, qual é o primeiro amor que conhecemos? É o amor de nossos pais. Depois o círculo social vai crescendo: temos os irmãos, os parentes, os coleguinhas, os vizinhos, os conhecidos. É assim que aprendemos as primeiras lições de como amar e ser amados: através do próximo.
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Aprendemos o valor de um sorriso, de um afago, de um abraço, da satisfação de uma necessidade corporal ou material, do aprendizado intelectual e moral; isso tudo desde a nossa mais tenra infância. E todas essas expressões, que podemos denominar "primárias", de amor, se estendem e se aprimoram durante a vida toda do indivíduo.
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Assim, desde o princípio de nossas vidas somos, uns para os outros, expressões de amor recíproco, o qual amadurece progressivamente até chegarmos a expressão mais perfeita de amor, que é o amor a Deus. Pois, como está em I Jo 4, 8, "Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor."
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Desde que nascemos, fomos amados antes de amar; primeiramente por Deus, que nos criou, e em segundo, pelos nossos pais e demais familiares. Aprendemos a amar, sendo amados; aprendemos a amar, como aprendemos muitas coisas na vida: por imitação.
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Infelizmente, muitos de nós não tivemos a fortuna de termos sido amados por nossos pais, ou tivemos na infância e/ou durante a vida, expressões imperfeitas de amor. Isso é o maior obstáculo na nossa caminhada de amor a Deus: a nossa incapacidade de amar.
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O amor é antes de tudo, uma ordem dada por Deus aos Seus filhos: "Amai a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo”.Isso não é uma sugestão, um conselho, uma teoria. É uma ORDEM.
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Então, quais devem ser os principais alvos do nosso amor?
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A primeira parte da frase diz: Amai a Deus sobre todas as coisas. E isso quer dizer muito. Nunca iremos compreender perfeitamente a profundidade desta frase, enquanto estivermos na terra. Mas para podermos entender como amar a Deus aqui na terra como Ele deseja ser amado, Jesus nos deixou uma dica valiosa: "Quem Me ama, obedece os Meus mandamentos."
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Curiosamente, os mandamentos do Senhor, se formos observar com atenção, não trazem nenhum "bem palpável" a Deus. Foram feitos, antes de tudo, para proteger-nos de nós mesmos. Se formos raciocinar bem, para Deus, por exemplo, em que mudaria guardarmos ou não a castidade?
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Em que afetaria a Deus obedecermos ou não a essa ordem, ou a qualquer uma das outras do Decálogo? Em nada. Deus é Deus. Não precisa de nós. Não precisa de nada do que é "nosso". Nós é que precisamos desesperadamente Dele. Mas Deus sabe que faríamos um grande mal a nós mesmos e aos outros, se nos entregássemos cegamente aos nossos instintos e vontades. Então, para mim, os Dez Mandamentos são a expressão mais perfeita da passagem bíblica que diz: "Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos Ele amado, e enviado o Seu Filho para expiar os nossos pecados." ( I Jo 4, 10)
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Podemos concluir, em última análise, que Deus, até na única prova de amor que nos pede, busca antes de tudo nos beneficiar. A profundidade do amor de Deus para conosco é algo que jamais compreenderemos perfeitamente. Agora, vejamos a segunda parte da frase: e ao próximo como a ti mesmo.
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Então, pressupondo-se que estamos tentando cumprir fielmente a primeira parte, amando a Deus, o que buscamos com mais ardor em nossa vida?Quem ama, quer estar com a pessoa amada. Quer ver o ser amado feliz. Quer fazer de tudo para contentar o amado. Isso é a definição que geralmente damos para "amor".
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Aplicando essa teoria em relação a Deus, o que buscamos em primeiro lugar? Estar com Deus. E estar com Deus plenamente, só o conseguiremos no céu. Ali O veremos "face a face". Em seguida, queremos contentar a Deus. Queremos vê-Lo feliz. E o modo de fazer isso, Jesus já nos ensinou: obedecendo aos Seus mandamentos. Assim sendo, nos esforçaremos para cumprir corretamente os preceitos da Lei de Deus, não por amor a nós mesmos, buscando algum tipo de vantagem, mas por amor a Deus. Para vê-Lo feliz, porque O amamos.
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Se eu amo verdadeiramente a Deus, se eu quero estar com Ele, se eu quero agradá-Lo, a minha maior alegria está nesta caminhada diária com Deus. E quem se esforça para viver isso de todo o seu coração encontra nisso a sua maior felicidade, como o demonstra a vida dos santos.
Então, podemos concluir que: se eu amo o próximo como a mim mesmo, vou querer principalmente que ele sinta esta mesma felicidade que eu sinto ao buscar a Deus, e que compartilhe deste amor, e no fim de sua vida, esteja comigo e com Deus no céu, na felicidade eterna. E como fazer isto?
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A princípio, podemos objetar que esse amor a Deus é, primeiramente, obra da graça. Pois está também, na bíblia, em Mateus 11, 27: "Todas as coisas me foram dadas por meu Pai; ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo."
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Então, certamente o desejo por Deus, é, primeiramente, obra divina. Pois aí já começamos a provar o amor por nosso próximo: orando por ele, para que Deus lhe infunda no coração mais desejo de amá-lo. Porém, apesar da oração para conversão do próximo ser algo fundamental, sabemos que Deus generosamente dispensa esta graça a todos. O desejo de Deus é intrínseco da natureza humana. Então, nosso amor pelo próximo não consiste apenas em orar por ele para que ele ame a Deus, pois como podemos amar a quem não se conhece? Aí entra a segunda e não menos importante parte da nossa aventura de amor pelo próximo: a evangelização.
Evangelizar não é apenas "falar" de Jesus, distribuir bíblias, terços, mandar ir à missa. Isso é extremamente necessário, porém ainda é pouco diante do que o verdadeiro amor nos leva a fazer.
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Pois é aí que entra a segunda parte da nossa evangelização, após a oração intercessora: temos que ajudar o próximo a amar. E como amor também se aprende por imitação, são os nossos exemplos, muito mais do que nossas palavras, que ensinam o nosso próximo a amar.
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E quem é o nosso próximo? Jesus também vem em nosso socorro, e nos ensina, em Lucas 10, 25 - 35:
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"Levantou-se um doutor da lei e, para pô-lo à prova, perguntou: Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna? Disse-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como é que lês?
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Respondeu ele: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu pensamento (Dt 6,5); e a teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18).
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Falou-lhe Jesus:
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Respondeste bem; faze isto e viverás.
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Mas ele querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo?
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Jesus então contou: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto. Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote, viu-o e passou adiante. Igualmente um levita, chegando àquele lugar, viu-o e passou também adiante. Mas um samaritano que viajava, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de compaixão. Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele. No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo-lhe: Trata dele e, quanto gastares a mais, na volta to pagarei. Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?
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Respondeu o doutor: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: Vai, e faze tu o mesmo.
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Então, podemos dizer que é nisso que consiste, em uma primeira análise, o amor a Deus e ao próximo.
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Evidentemente que este desapego de si em favor dos outros é uma árdua jornada que leva a vida toda, e há muitos aspectos a considerar, pois se amar é um aprendizado constante, onde ensinamos e aprendemos uns com os outros, não podemos nos concentrar apenas nas expressões materiais de amor ao próximo. Além de repartir o pão, o carinho, o afeto, é sumamente necessário nos aprimorarmos sempre, moralmente e intelectualmente, para nós e principalmente para os outros; devemos compartilhar a Palavra de Deus, os ensinamentos da Igreja, as instruções de ordem moral, enfim, o "ensinar a pescar", todos juntos, para que as luzes do amor de Deus se multipliquem entre nós, de cada um ao seu próximo e assim irem se espalhando entre todos os seres, para que um dia, todos nós possamos estar unidos eternamente em Deus.
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Isso é amor. É amor que resgata as almas, mesmo as mergulhadas no maior abismo.