Neste texto vamos analisar as
formas de pecado. Vamos, também, perceber como nos envolvemos facilmente com o
mal. Como conseqüência, nossa vida torna-se "pesada", angustiante,
sofrida. E, na maioria das vezes, não sabemos ou não percebemos que esse
sofrimento está direta e intimamente ligado às conseqüências do pecado, ao
afastamento de Deus.
Ao contrário do que muitos pensam, a origem do
pecado de cada um não está fora, mas em nosso próprio coração. É algo de dentro
para fora e não o contrário. A raiz do pecado está em nossa livre vontade, em
nossas escolhas, atitudes e ações, segundo o ensinamento do próprio Cristo:
"é do coração que procedem as más inclinações, assassínios, adultérios,
prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações. São estas as coisas que
tornam o ser humano impuro" - Mateus 15, 19-20 (Catecismo 1853). A maldade
presente no mundo não pode nos atingir se nós não permitirmos, principalmente,
se estamos intimamente ligados a Deus. Mas, infelizmente, nos deixamos levar
pelo ritmo da vida, do meio social, das más influências e dos modismos que nos
são impostos.
São
Paulo, na Carta aos Gálatas, diz que: "as obras da carne são manifestas:
fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, rixas, ciúmes,
ira, discussões, iscórdia, divisões, invejas, bebedeiras, orgias e coisas
semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos previno, como já vos preveni,
os que tais coisas praticam não herdarão o Reino de Deus." (5,19-21)
O pecado é uma falta contra a
verdade, contra a razão (bom senso, juízo, prudência, moral, direito, justiça)
e contra a consciência reta (capacidade de estabelecer julgamentos morais dos
atos realizados). Pecado é ofensa a Deus. É uma falta contra o amor verdadeiro
para com Deus e para com o próximo. O pecado ergue-se contra o amor de Deus por
nós e desvia dele os nossos corações. Fere a natureza do homem e ofende a
solidariedade humana (Catecismo 1849). Pecado é a transgressão de um preceito
religioso. Pecado é a auto-suficiência. Santo Agostinho diz que "o pecado
é amor de si mesmo até o desprezo de Deus".
Pode-se distinguir os pecados
segundo os atos humanos, os mandamentos que eles contrariam e às virtudes a que
se opõem. Podemos pecar por pensamentos, palavras, atos e omissões. Em relação
à omissão, não praticamos um mal, mas deixamos de fazer um bem.
O pecado é classificado, segundo
sua gravidade, em venial e mortal. Pecado venial (desculpável, perdoável) ainda
deixa existir a força e a ação da caridade, do amor em nossa vida, mas os
ofende e fere. Ele enfraquece a graça de Deus em nós, mas não a destrói. Os
pecados veniais são faltas leves, perdoadas no Ato de Contrição, rezado durante
a Santa Missa, desde que estejamos sinceramente arrependidos. Porém, a
confissão regular de nossos pecados veniais nos ajuda a formar a consciência, a
lutar contra nossas más tendências, a deixar-nos curar por Cristo, a progredir
na vida espiritual. Recebendo mais freqüentemente o perdão dos pecados e o dom
da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como ele (Catecismo
1458).
"Se alguém vir pecar seu
irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não
pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda a
iniqüidade é pecado, e há pecado que não é para morte. Sabemos que todo aquele
que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si
mesmo, e o maligno não lhe toca." (1 João 5:16-18)
"O homem não pode, enquanto
está na carne, evitar todos os pecados, pelo menos os pecados leves. Mas, esses
pecados que chamamos leves, não os considerem insignificantes: se os considerar
insignificantes ao pesá-los, treme ao contá-los. Um grande número de objetos
leves faz uma grande massa; um grande número de gotas enche um rio. Qual é
então nossa esperança? Antes de tudo, a Confissão" (Santo Agostinho).
Já o pecado mortal destrói a
caridade, destrói o amor no coração do homem por uma infração grave da lei de
Deus; desvia o homem de Deus, seu fim último, preferindo um bem inferior, sem
valor (Catecismo 1855). O pecado mortal é uma possibilidade radical da
liberdade humana, como o próprio amor. O pecado mortal acarreta na perda da
caridade, do amor e da privação da Graça Santificante, isto é, do estado de
graça recebido no Batismo. Se este estado não for recuperado mediante o
arrependimento e o perdão de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a
morte eterna no inferno, já que nossa liberdade tem o poder de fazer opções
para sempre, sem regresso (Catecismo 1861).
Para que um pecado seja mortal
requerem-se três condições ao mesmo tempo: ser matéria grave, cometido com
consciência e deliberadamente. A matéria grave é baseada nos dez mandamentos:
não mate, não cometa adultério, não levante falso testemunho, não roube, honre
pai e mãe (Marcos 10, 19). Requer pleno conhecimento e consentimento. Pressupõe
o conhecimento do caráter pecaminoso do ato, de sua oposição à lei de Deus.
Envolve também um consentimento suficientemente deliberado (meditar no que se
há de fazer, refletir, decidir) para ser uma escolha pessoal. A ignorância pode
diminuir ou até escusar a imputabilidade de uma falta grave, mas supõe-se que
ninguém ignora os princípios da lei moral, inscritos na consciência de todo ser
humano.
Pecados mortais
Comete-se pecado mortal quando conhecendo a lei
de Deus se pratica um ação voluntariamente contra as normas prescritas nos dez
mandamentos (Cf. CIC 1857-1861). Também chamado de pecado mortal, destrói a
caridade no coração do homem por uma infração grave da lei de Deus; desvia o
homem de Deus, que é seu fim último e sua bem aventurança, preferindo um bem
interior.
Exemplos de pecados mortais ou graves: Comete-se
um pecado mortal quando, conscientemente, se realizam atos gravemente malvados.
Alguns exemplos: insultar Deus, faltar à santa missa num domingo, cometer atos
sexuais impuros, embebedar-se ou drogar-se, etc.
Pecado veniais
Também conhecido como pecados cotidianos. Mesmo
não rompendo a comunhão com Deus, "enfraquece a caridade, traduz uma
afeição desordenada pelos bens criados; impede o progresso da alma no exercício
das virtudes e a prática do bem moral; merece penas temporais. O pecado venial
deliberado e que fica sem arrependimento dispõe-nos pouco a pouco a cometer o
pecado mortal"(Cf. CIC, 1863)
Exemplos de pecados
veniais ou leves: Além dos atos graves realizados inadvertidamente, há muitos
exemplos de pecados veniais: uma mentira, alguma preguiça, uma falta de
respeito ou de caridade, murmurações ou burlas, desleixo nas orações, excessos
na comida e na comodidade, gastos supérfluos, etc.
Pecados capitais
Os pecados capitais têm esse nome por serem fonte
de outros pecados, ou seja, são pais de outros vícios. Nesse contexto, fica
evidente a necessidade de travar um combate acerca da origem do mal em nós: a
tríplice concupiscência, que constitui a raiz dos pecados capitais. Portanto,
devemos combater essas más tendências em nós.
Os pecados capitais são: a soberba, a avareza, a
inveja, a ira, a impureza, a gula, a preguiça. O que os caracteriza profundamente
é justamente a busca exagerada, ou seja, desordenada de algo. (Padre Eliano,
SJS)
O para Gregório Magno, no século VI, instituiu os sete pecados capitais, que são os princípios que ferem a Deus, a você e ao próximo. Vejam quais são eles:
1) Gula: consiste em comer além do necessário e a toda hora;
2) Avareza: é a cobiça de bens materiais e dinheiro;
3) Inveja: desejar atributos, status, posse e habilidades de outra pessoa;
4) Ira: é a junção dos sentimentos de raiva, ódio, rancor que às vezes é incontrolável;
5) Soberba: é caracterizado pela falta de humildade de uma pessoa, alguém que se acha auto-suficiente;
6) Luxúria: apego aos prazeres carnais;
7) Preguiça: aversão a qualquer tipo de trabalho ou esforço físico.
Como combater o pecado?
A Igreja recomenda a confissão frequente dos
pecados, mortais e veniais, pois a confissão dos pecado veniais nos ajuda a
formar nossa consciência, a lutar contra nossas más inclinações, a deixar-nos
curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo mais frequente,
por meio desse sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser
misericordiosos como Ele (cf. LG 40,42; CIC, 1458).
Sem Jesus, a consequência do pecado é a morte.
Para simbolizar o nosso desejo de deixar o pecado devemos ser batizados.
Segundo, pedir que o seu pecado seja perdoado. Deus diz que pode começar uma
vida nova. Terceiro, acreditar que Deus o perdoou e parar de se sentir culpado.
A Bíblia diz em Salmos 32, 1-6: “Bem-aventurado
aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o
homem a quem o Senhor não atribui a iniquidade, e em cujo espírito não há dolo. Enquanto guardei silêncio, consumiram-se os meus ossos pelo meu bramido durante
o dia todo. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se
tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado, e a minha iniquidade
não encobri. Disse eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu
perdoaste a culpa do meu pecado. Pelo que todo aquele é piedoso ore a ti, a
tempo de te poder achar; no trasbordar de muitas águas, estas e ele não
chegarão”.
Em todo caso, Deus, na sua
infinita misericórdia e amor, nos deixou um caminho de volta. Ele está sempre
de portas abertas para aceitar nossas sinceras desculpas, independentemente da
falta que tenhamos cometido, desde que estejamos sinceramente arrependidos. O
Sacramento da Confissão ou Reconciliação devolve-nos a graça de estarmos
novamente no coração de Deus. Por isso, não deixe sua confissão para amanhã.
Não tenha medo, receio ou vergonha de se abrir a um sacerdote, um ungido de Deus.
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