Por Jasiel Botelho
Vivemos numa época de
transformações muito rápidas e o jovem não tem mais os paradigmas de
antigamente. Os valores sociais mudam tão rapidamente que quase não temos tempo
de examiná-los e diferenciar o certo do errado. Parece que tudo está ficando
descartável, você usa e joga fora, a busca por algo novo é tão grande que o
importante é a novidade. Isto efluência em todas as áreas de nossa vida.
Estamos na era do "fast food" dos "shopping center" tudo
muito rápido e descartável. Quando entrei pela primeira vez no Mc Donald's
fiquei com pena de jogar no lixo toda aquela embalagem tão bonita e tão cara,
não sabia eu, estava entrando numa nova era, a era do descartável. O pior, é
que esta influência tem chegado até nós, na vida da igreja, cultos e
programações descartáveis, músicas, mensagens, até mesmo igrejas, e porque não,
o evangelho tem se tornado também descartável!
Quem mais sofre com este problema
são os jovens, que estão ainda em formação na sua vida cristã, e em seu
caráter. Hoje vemos o surgimento de novas igrejas, comunidades, associações e
movimentos. Temos um verdadeiro leque de opções que não tínhamos anos atrás.
Igrejas para todos os tipos de pessoas e gostos. Com ênfases nas doutrinas
antigas e modernas. Desde igrejas mais fechadas , ortodoxas e fundamentalistas
até as mais liberais, igrejas modernas com doutrinas da
"prosperidade" ou mesmo igrejas sem doutrina alguma. Não gostando de
algum aspecto de minha igreja, ou mesmo, da própria liturgia, posso mudar-me
para a igreja "da esquina" que me oferece muitas outras vantagens
(inclusive um desconto nos dízimos) Há! Há! Há!
No meu tempo de juventude, não se
podia trocar de comunidade, a não ser por motivos geográficos, se a família se
mudasse para outro bairro ou cidade. Trocar de igreja por um outro motivo era
muito suspeito, não se aceitava alguém que viesse de outra comunidade a não ser
com carta de recomendação. Hoje, não é mais assim, qualquer problema que
aconteça em nossa comunidade, já é motivo bastante para pensarmos em mudar para
outra igreja.
Não sabemos mais qual a nossa
identidade. Somos avivados? Pentecostais? Conservadores? liberais? Evangelicais?
O que somos afinal? Há um grande pluralismo de doutrinas e liturgias. Por um
lado, isto pode ser proveitoso, por causa da expansão e crescimento do Reino.
Por outro lado, isto pode ser perigoso, pois não sabemos identificar o
verdadeiro evangelho do senhor Jesus Cristo.
Como diz o caipira: tem
"chovido na nossa horta" Nunca se viu tanta igreja, todo tipo de
comunidade, com todo tipo de nomes, a igreja virou "praga" como se
diz no interior, para o crescimento exagerado de alguma planta. Li, outro dia,
na revista vinde, os nomes mais estranhos de igrejas, pensei que era gozação de
quem tinha escrito, depois constatei que eram verdadeiros. Nunca aqui no Brasil
a igreja cresceu e se proliferou tanto. Pensei até em começar uma "igreja
do tio Jajá. Uma igreja cheia de graça" Há! Há! Há!
Fico muito feliz, principalmente
quando vejo os jovens a frente destas igrejas dirigindo o louvor. Moças e
rapazes desenvolvendo cada vez mais a música para Deus. Bandas de todos os
tipos e ritmos; samba, pagode, rock, reggae, até um bloco de "Carnaval
gospel", eu soube que tem no Rio de Janeiro. Gravadoras evangélicas
competindo de igual para igual, com as seculares, CDs de primeira qualidade,
compositores jovens estourando no mercado. Cantores e cantoras fazendo o maior
sucesso. Ligamos a televisão e assistimos não um, nem dois, mais muitos
pregadores evangélicos, vários canais de televisão evangélicos. Gloria a Deus
por isso!
Nunca se viu tantos acampamentos
e congressos para a juventude, missões e trabalhos com jovens em todo o Brasil,
tantas vocações, os seminários cheios de jovens estudando teologia e missões.
Realizamos um encontro de seminaristas e a maioria dos participantes foram
moças, ficamos surpresos com o que Deus estava fazendo no meio das meninas. É
claro que a igreja ainda não tem dado o púlpito para os jovens, tenho visto
jovens pastores pregarem, (que já é alguma coisa!) Conheço uma comunidade que
praticamente é composta somente de jovens, os adultos ficam apenas no apoio,
pena que a ênfase desta comunidade seja a música e não a pregação da palavra.
Alias, sempre foi esta, minha bronca com a liderança evangélica. A igreja dá
oportunidade aos jovens somente para uma palavra de testemunho, para os
instrumentos, para cantar e no máximo ministrar o louvor. Quando era jovem, eu
trabalhei numa missão para a juventude, os missionários e pastores daquela
missão, não me permitiam pregar, eu apenas pintava quadros bíblicos e dava o
meu testemunho. Eles não acreditavam que eu poderia pregar a palavra e ter mais
responsabilidade com o reino de Deus. Resultado, saí daquela missão e junto com
outros jovens, fundamos a missão "Jovens da Verdade".
Hoje, os jovens são muito mais
privilegiados do que na minha juventude, pois, hoje, os jovens tem muito mais
oportunidade na igreja. Reconheço que se tem dado muito mais oportunidade aos
jovens, mas não creio que é o suficiente. A igreja ainda descrimina a
juventude, permitindo que no máximo ministre o louvor do culto. Com tantas
igrejas e comunidades, com tantas oportunidades de trabalho a igreja se tornou
como um super mercado, ou um shopping center, tem de tudo para você escolher.
Que critério o jovem tem para escolher sua igreja? O adulto tem mais respaldo
doutrinário para isso, mas, e os jovens? e os adolescentes?, será que vão simplesmente
acompanhar seus pais? E os que se convertem e querem levar seus pais para a
igreja? Como vão saber qual a melhor comunidade para sua família, como saber se
uma igreja é realmente comprometida com Cristo e sua Palavra?
Onde ficam os jovens, em toda
esta confusão? Minha maior preocupação é com eles, que, por um lado, serão
discriminados por estruturas antigas e igrejas tradicionais, e por outro lado,
usados e manipulados por líderes de novas estruturas e comunidades.
Junto com você, gostaria de analisar
de uma forma simples e bem humorada esta situação da igreja de hoje e como o
jovem se encaixa na sua problemática. Tentar resgatar a orientação bíblica da
igreja, sem ferir a contextualização necessária para uma igreja viva, como o
lema da M.P.C. "Firme na rocha, ( que é Cristo) ao compasso do
tempo".
Uma igreja pode envelhecer?
Podemos dizer que uma igreja é jovem? O que Paulo em Efésios 5.27 quis dizer
com uma igreja sem "RUGAS" ?
Gostaria de pensar e estudar com
você a igreja para a juventude e quem sabe podemos entender melhor a questão da
igreja nova e da igreja velha.
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