quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Somos chamados à santidade

Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos são chamados à santidade: 'Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito' "(Mt 5,48) (CIC 2013).

Sendo assim, nós passamos a compreender o início do sermão do Abade São Bernardo: "Para que louvar os santos, para que glorificá-los? Para que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas? A eles que, segundo a promessa do Filho, o Pai celeste glorifica? Os santos não precisam de nossas homenagens. Não há dúvida alguma, se veneramos os santos, o interesse é nosso, não deles".

Sabemos que desde os primeiros séculos os cristãos praticam o culto dos santos, a começar pelos mártires, por isto hoje vivemos esta Tradição, na qual nossa Mãe Igreja convida-nos a contemplarmos os nossos "heróis" da fé, esperança e caridade. Na verdade é um convite a olharmos para o Alto, pois neste mundo escurecido pelo pecado, brilham no Céu com a luz do triunfo e esperança daqueles que viveram e morreram em Cristo, por Cristo e com Cristo, formando uma "constelação", já que São João viu: "Era uma imensa multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas" (Ap 7,9).

Todos estes combatentes de Deus, merecem nossa imitação, pois foram adolescentes, jovens, homens casados, mães de família, operários, empregados, patrões, sacerdotes, pobres mendigos, profissionais, militares ou religiosos que se tornaram um sinal do que o Espírito Santo pode fazer num ser humano que se decide a viver o Evangelho que atua na Igreja e na sociedade. Portanto, a vida destes acabaram virando proposta para nós, uma vez que passaram fome, apelos carnais, perseguições, alegrias, situações de pecado, profundos arrependimentos, sede, doenças, sofrimentos por calúnia, ódio, falta de amor e injustiças; tudo isto, e mais o que constituem o cotidiano dos seguidores de Cristo que enfrentam os embates da vida sem perderem o entusiasmo pela Pátria definitiva, pois "não sois mais estrangeiros, nem migrantes; sois concidadãos dos santos, sois da Família de Deus" (Ef 2,19).

Neste dia a Mãe Igreja faz este apelo a todos nós, seus filhos: "O apelo à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade se dirige a todos os fiéis cristãos." "A perfeição cristã só tem um limite: ser ilimitada" (CIC 2028).

Todos os santos de Deus, rogai por nós!
 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Imagens e Idolatria


O que é um ídolo 
Diferença entre Imagem e Ídolo 

Penso que precisamos conhecer cada vez mais nossa fé cristã católica e não ficar se deixando questionar por pessoas que não tem escrúpulos e em nome de uma fé não sei em quem vem nos questionar. Gostaria que se tiverem paciência leiam este texto, que para mim é uma catequeses sobre imagens, sobre a tão propalada idolatria, da qual nos acusam os incultos.




Imagem não é o mesmo que ídolo. Chama-se ídolo: uma imagem falsa, um simulacro a que se atribui vida própria, conforme explica o profeta Habacuc (2, 18). Eis o que claramente indica Habacuc, dizendo: "Ai daquele que diz ao pau: Acorda, e a pedra muda: Desperta" (Hab 2, 19). A Bíblia reza no livro de Josué: "Josué prostrou-se com o rosto em terra diante da arca do Senhor, e assim permaneceu até à tarde, imitando-o todos anciãos de Israel" (Js 7, 6). Terão sido idólatras Josué e os anciãos de Israel? 

Foi Deus ainda que ordenou a Moisés levantar uma "serpente" de metal (Nm 21, 8) e todos os que olhassem para ela seriam curados. Ora, que "olhar" é esse que confere uma cura milagrosa diante de uma estátua de metal?

Temos as provas de como esse culto era já uma pré-figura do culto à Deus nas palavras de S. João, que diz que tal "serpente" era o símbolo do Cristo crucificado: "Bem como ergueu Moisés a serpente no deserto, assim cumpre que seja levantado o Filho do Homem" (Jo 3, 14). 

Por acaso caíram também Moisés e S. João, e até o Espírito Santo (autor da Sagrada Escritura) em crime de idolatria? É claro que não. 

A idolatria consistiria em achar que a divindade está em uma estátua, por exemplo. Ou seja, teríamos que colocar alimentos para as imagens, como faziam os romanos, os egípcios e os demais povos idólatras. Teríamos que achar que Deus e os santos são a mesma pessoa. No fundo, seria dizer que S. Benedito não é e nem foi S. Benedito, mas foi Deus, etc. 

Nunca se ouviu algum católico defendendo que o Santo era Deus! Mesmo porque isso seria cair em um panteísmo (defendido por Calvino e Lutero em algumas de suas obras). Para se dizer que os católicos adoram os santos, eles teriam que dizer que S. Benedito, por exemplo, não é S. Benedito, mas Deus. 

E, ainda mais difícil, os católicos teriam que afirmar que S. Benedito é a estátua, uma espécie de amuleto mágico... 

Nenhum católico acredita que o santo seja Deus ou que ele seja a madeira da estátua (como uma divindade). Logo, não há idolatria possível, visto que esta consiste em adorar um falso deus.

Alguns protestantes argumentam que só é possível fazer imagens quando Deus expressamente permite. Pergunta-se: onde está essa norma na Bíblia? É uma contradição dos protestantes, pois tudo para eles está na Bíblia, todavia, para condenar os católicos, não é necessária a Bíblia... 

Deus proíbe a idolatria e não o uso de imagens 

O mesmo Deus, no mesmo livro do Êxodo em que proíbe que sejam feitas imagens, manda Moisés fazer dois querubins de ouro e colocá-los por cima da Arca da Aliança (Ex 25, 18-20). Manda-lhe, também, fazer uma serpente de bronze e colocá-la por cima duma haste, para curar os mordidos pelas serpentes venenosas (Num 21, 8-9). Manda, ainda, a Salomão enfeitar o templo de Jerusalém com imagens de querubins, palmas, flores, bois e leões (I Reis 6, 23-35 e 7, 29). 

Ora, se Deus manda fazer imagens em várias passagens das Sagradas Escrituras (Ex 25, 17-22; 1Rs 6, 23-28; 1 Rs 6, 29s; Nm 21, 4-9; 1Rs 7, 23-26; 1 Rs 7, 28s; etc) e proíbe que se façam imagens em outra, de duas uma, ou Deus é contraditório ou fazer imagens não é idolatria! 

Portanto, fica claro que o erro não está nas imagens, mas no tipo de culto que se presta à elas. 

Os Judeus, saindo da dominação egípcia, um povo idólatra, tinham muita tendência à idolatria. Basta ver o que aconteceu quando Moisés desceu do Monte Sinai com as Tábuas da Lei e encontrou o povo adorando o "Bezerro de Ouro" como se ele fosse uma divindade, um amuleto. É claro, como permitir que um povo tendente à idolatria fosse fazer imagens. 

Nas imagens católicas se representam os santos, que são pessoas que possuem virtudes que os tornam "semelhantes" a Deus, como afirmou S. Paulo: "já não sou eu quem vivo, mas é Cristo que vive em mim". 
Nas catacumbas encontram-se, em toda parte, imagens e estátuas da Virgem Maria; prova de que tal culto existia no tempo dos apóstolos e foi por eles praticado, ensinado e transmitido à posteridade. Uma das imagens de Nossa Senhora, segundo a tradição, foi pintada pelo próprio S. Lucas e está na catedral de Loreto, exposto à veneração dos fiéis. 

As imagens católicas representam pessoas virtuosas. Virtude essa que provém da graça de Deus. O mesmo não se dava na idolatria, pois os povos idólatras representavam as virtudes e os vícios em seus ídolos. 

O Concílio de Trento formalmente legitimou o uso das imagens: As imagens de Jesus Cristo, da Mãe de Deus, e dos outros santos, podem ser adquiridas e conservadas, sobretudo nas Igrejas, e se lhes pode prestar honra e veneração; não porque há nelas qualquer virtude ou qualquer coisa de divino, ou para delas alcançar qualquer auxílio, ou porque se tenha nelas confiança, como os pagãos de outrora, que colocavam a sua esperança nos ídolos, mas, sim, porque o culto que lhes é prestado dirige-se ao original que representam, de modo que nas imagens que possuímos, diante das quais nos descobrimos ou inclinamos a cabeça, nós adoramos Cristo, e veneramos os santos que elas representam (Sess XXV). 

O Concílio de Nicéia, o primeiro celebrado na Igreja, no ano de 325, sob o Papa S. Silvestre I e o imperador Constantino, defende o culto das imagens contra os iconoclastas, com um vigor admirável. 

Lê-se nos atos deste concílio: Nós recebemos o culto das imagens, e ferimos de anátema os que procedem de modo contrário. Anátema a todo aquele que aplica às santas imagens os textos da escritura contra os ídolos. Anátema a todo aquele que as chama ídolos. Anátema àqueles que ousam dizer que a Igreja presta culto a ídolos.


Fonte: Pe. Walmir Garcia dos Santos,CSsR

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Como se comportar na missa


Abaixo segue uma carta do Padre Pio a uma senhora, explicando como devemos nos postar na casa de Deus, na Igreja diante de Jesus. Importante se concientizar disso, porque assim reparamos por aqueles irreverentes, que sem o minimo respeito adentram a Igreja, como se estivessem entrando num bar. É triste ver o comportamento das pessoas, mas devemos nos policiar também.
   
A fim de evitar irreverências e imperfeições na casa de Deus, na igreja – que o divino Mestre chama de casa de oração -, exorto-vos no Senhor a praticar o seguinte. Entre na igreja em silêncio e com grande respeito, considerando-se indigno de aparecer diante da Majestade do Senhor. Entre outras considerações piedosas, lembre-se que nossa alma é o templo de Deus e, como tal, devemos mantê-la pura e sem mácula diante de Deus e seus anjos. Fiquemos envergonhados por termos dado acesso ao diabo e suas armadilhas muitas vezes (com a sua sedução para o mundo, a sua pompa, seu chamado para a carne) por não sermos capazes de manter nossos corações puros e os nossos corpos castos; por termos permitido aos nossos inimigos insinuarem-se em nossos corações, profanando o templo de Deus que nos tornamos através do santo batismo. Em seguida, pegue água benta e faça o sinal da cruz com cuidado e lentamente.

Assim que você estiver diante de Deus no Santíssimo Sacramento, faça uma genuflexão devotamente. Depois de ter encontrado o seu lugar, ajoelhe-se e renda o tributo de sua presença e devoção a Jesus no Santíssimo Sacramento. Confie todas as suas necessidades a Ele junto com as dos outros. Fale com Ele com abandono filial, dê livre curso ao seu coração e dê-Lhe total liberdade para trabalhar em você como ele achar melhor.

Ao assistir à Santa Missa e as funções sagradas, fique muito composta, quando em pé, ajoelhada e sentada, e realize todos os atos religiosos, com a maior devoção. Seja modesta no seu olhar, não vire a cabeça aqui e ali para ver quem entra e sai. Não ria, por respeito para com este santo lugar e também por respeito para aqueles que estão perto de você. Tente não falar com ninguém, exceto quando a caridade ou a estrita necessidade pedirem isso.

Se você rezar com os outros, diga as palavras da oração nitidamente, observe as pausas e nunca se apresse.
Em suma, comporte-se de tal maneira que todos os presentes sejam edificados, bem como, através de você, sejam instados a glorificar e amar o Pai celestial. Ao sair da igreja, você deve estar recolhida e calma. Em primeiro lugar peça a permissão de Jesus no Santíssimo Sacramento; peça perdão pelas falhas cometidas em sua presença divina e não O deixe sem pedir e ter recebido a Sua bênção paterna. Assim que estiver fora da igreja, seja como todo ser seguidor do Nazareno deveria ser. Acima de tudo, seja extremamente modesta em tudo, pois esta é a virtude que, mais do que qualquer outra, revela os sentimentos do coração. Nada representa um objeto mais fielmente ou claramente do que um espelho. Da mesma forma, nada mais amplamente representa as más ou as boas qualidades de uma alma do que a maior ou menor regulação do exterior, como quando alguém parece mais ou menos modesta. Você deve ser modesta em discurso, modesta no riso, modesta no seu porte, modesta ao caminhar.

Tudo isso deve ser praticado, não por vaidade, a fim de mostrar a si mesma, nem com hipocrisia a fim de aparecer boa aos olhos dos outros, mas sim, pela força interna da modéstia, que regulamenta o funcionamento exterior do corpo. Portanto, seja humilde de coração, circunspecta nas palavras, prudente em suas resoluções. Seja sempre econômica em sua fala, assídua na boa leitura, atenta em seu trabalho, modesta em sua conversa. Não seja desagradável com ninguém, mas seja benevolente para com todos e respeitosa para com os mais velhos. Que qualquer olhar sinistro fique longe de você, que nenhuma palavra ousada escape de seus lábios, que você nunca realize qualquer ação indecente ou de alguma forma gratuita; nunca especialmente uma ação gratuita ou um tom de voz petulante.

Em suma deixe que todo seu exterior seja uma imagem vívida da compostura de sua alma. Sempre mantenha a modéstia do divino Mestre diante de seus olhos, como um exemplo; este Mestre que, segundo as palavras do Apóstolo aos Coríntios, colocou a modéstia de Jesus Cristo em pé de igualdade com a mansidão, que era a sua virtude particular e quase a sua característica: “Agora eu, Paulo, vos rogo, pela mansidão e humildade de Cristo” [Douay-Rheims, 2 Coríntios. 10:1], e de acordo com tal modelo perfeito reforme todas as suas operações externas, que devem ser reflexos fiéis revelando os afetos do seu interior. Nunca se esqueça deste modelo divino, Annita. Tente ver uma certa majestade adorável em sua presença, uma certa agradável autoridade no seu modo de falar, uma certa agradável dignidade no andar, no contemplar, no falar, ao conversar; uma certa doce serenidade do rosto. Imagine aquela extremamente composta e doce expressão com a qual ele chamou a multidão, fazendo com que eles deixassem cidades e castelos, levando-os para as montanhas, as florestas, para a solidão e as praias desertas do mar, esquecendo totalmente da comida, da bebida e de seus deveres domésticos.

Assim, vamos tentar imitar, tanto quanto nos for possível, tais ações modestas e dignas. E vamos fazer o nosso melhor para ser, tanto quanto possível, semelhantes a Ele na terra, a fim de que possamos ser mais perfeitos e mais semelhantes a Ele por toda a eternidade na Jerusalém celeste. Termino aqui, como eu sou incapaz de continuar, recomendando que você nunca se esqueça de mim diante de Jesus, especialmente durante esses dias de extrema aflição para mim. Espero que a mesma caridade da excelente Francesca para quem você vai ter a gentileza de dar, em meu nome, meus protestos de extremo interesse em vê-la crescer sempre mais no amor divino. Espero que ela me faça a caridade de fazer uma novena de Comunhões pelas minhas intenções. Não se preocupe se você é incapaz de responder à minha carta no momento. Eu sei de tudo então não se preocupe.

Eu me despeço de você no ósculo santo do Senhor. Eu sou sempre seu servo.

Frei Pio, capuchinho

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Hino Oficial JMJ Rio2013 "Esperança do Amanhecer"


Cristo nos convida:
“Venham, meus amigos!”
Cristo nos envia:
“Sejam missionários!”
Sou marcado desde sempre
com o sinal do Redentor,
que sobre o monte, o Corcovado.
abraça o mundo com Seu amor.
Juventude, primavera,
esperança do amanhecer;
quem escuta este chamado
acolhe o dom de crer!
Quem no dera fosse a terra,
fosse o mundo todo assim!
Não à guerra, fora o ódio,
só o bem e a paz a não ter fim.
Do nascente ao poente,
nossa casa não tem porta,
nossa terra não tem cerca,
nem limites o nosso amor!
Espalhados pelo mundo,
conservamos o mesmo ardor.
É tua graça que nos sustenta
nos mantém fiéis a Ti, Senhor!
Atendendo ao teu chamado:
“Vão e façam, entre as nações,
um povo novo, em unidade,
para mim seus corações!”
Anunciar Teu Evangelho
a toda gente é transformar
o velho homem em novo homem
em mundo novo que vai chegar.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Orações Legionarias


Catena Legionis
Oração Inicial da Tessera

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
P.: Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso amor.
     Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado.
R.: E renovareis a face da terra.

P.: OREMOS: Ó Deus, que santificais a Vossa Igreja inteira, em todos os povos e nações, derramai por toda a 
                      extensão do mundo os dons do Espírito Santo e realizai agora no coração dos fiéis as maravilhas que
                      operastes no início da pregação do Evangelho. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade
                      do Espírito Santo. Amém.

P.: Abri os meus lábios, ó Senhor.
R.: E a minha boca anunciará o Vosso louvor.
P.: Vinde, ó Deus em meu auxílio.
R.: Socorrei-me sem demora.
P.: Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo
R.: Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

(Segue-se o Terço, terminando com a Salve Rainha).

P.: Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R.: Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

P.: OREMOS: Ó Deus, cujo Filho Unigênito, por sua vida, morte e ressurreição, nos obteve o prêmio da salvação
                      eterna, concedei-nos, nós Vô-lo pedimos que, meditando estes mistérios do Sacratíssimo Rosário da
                      Bem-Aventurada Virgem Maria, imitemos o que contém e consigamos o que prometem. Pelo mesmo
                      Cristo, Senhor Nosso. Amém.
                       
P.: Coração Sacratíssimo de Jesus,            R.: Tende piedade de nós.
P.: Coração Imaculado de Maria,               R.: Rogai por nós,
P.: São José,                                         R.: Rogai por nós,
P.: São João Evangelista,                         R.: Rogai por nós.
P.: São Luis Maria de Montfort                  R.: Rogai por nós.

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. 


Catena Legionis

Quem é esta que avança como a aurora, formosa como a lua, brilhante como o sol, terrível como o exército em ordem de batalha?

     - A minha alma glorifica ao Senhor*
     - E se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador,
     - Pois ele viu a pequenez de sua serva,* eis que agora as gerações hão de chamar-me de bendita.
     - O Poderoso fez por mim maravilhas* e Santo é o seu nome!
     - Seu amor de geração em geração chega a todos que o respeitam.
     - Demonstrou o poder de seu braço* dispersou os orgulhosos.
     - Derrubou os poderosos de seus tronos* e os humildes exaltou.
     - De bens saciou os famintos* e despediu sem nada os ricos.
     - Acolheu Israel seu servidor, * fiel ao seu amor,
     - Como havia prometido a nossos pais * em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre.
     - Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo*
     - Como era no princípio, agora e sempre. Amém

Quem é esta que avança como a aurora, formosa como a lua, brilhante como o sol, terrível como o exército em ordem de batalha?

P.: Ó Maria concebida sem pecado,
R.: Rogai por nós que recorremos a Vós.

P.: OREMOS: Senhor Jesus Cristo, Mediador nosso perante o Pai, que Vos dignastes escolher a Virgem Santíssima, Vossa Mãe,
                  para Mãe e Medianeira nossa junto de Vós, concedei misericordiosamente a quem a Vós recorre, buscando os
                  Vosso favores, se regozije de os receber todos por Ela. Amém.

Orações Finais da Tessera

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

P.: À Vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus, não desprezeis as súplicas que em nossas necessidades vos dirigimos, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.

P.: (Invocação própria do Praesidium)
(Fora das reuniões do Praesidium reza-se sempre a invocação seguinte:
         P.: Maria Imaculada, Medianeira de todas as graças,         R.: rogai por nós)
         P.: S. Miguel e S. Gabriel,                                             R.: rogai por nós,
         P.: Milícias todas do céu, Legião dos anjos de Maria          R.: rogai por nós,
         P.: São João Batista                                                    R.: rogai por nós,
         P.: S. Pedro e S. Paulo                                                R.: rogai por nós.

Concedei-nos Senhor, a nós que militamos sob o estandarte da Virgem, aquela plenitude de fé em Vós e de confiança em Maria, que nos assegurem a conquista do mundo. Dai-nos uma fé viva, animada pela caridade, que nos leve a praticar as nossas ações, unicamente por amor de Vós e a ver-Vos e a servir-Vos sempre no nosso próximo; uma fé firme e inabalável como a rocha, que nos conserve calmos e resolutos no meio das cruzes, trabalhos e decepções da vida; uma fé corajosa, que nos anime a empreender e a prosseguir, sem hesitação, grandes coisas, por Deus e pela salvação do próximo; uma fé que seja a Coluna de Fogo da nossa Legião que nos guie avante unidos, - para acender em todos a chama do Amor divino, - iluminar os que estão nas trevas e sombras da morte, - animar os indecisos, - restituir a vida aos mortos no pecado; e nos dirija os passos no caminho da paz; de forma que, terminada a batalha da vida, a nossa Legião possa reunir-se sem uma só perda, no Reino de Vosso Amor e Glória. Amém

         P.: Que as almas dos Legionários e de todos os fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz. Amém.

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Legião de Maria - Finalidade e Espirito da Legião



FINALIDADE DA LEGIÃO

A Legião de Maria tem como fim a glória de Deus, por meio da santificação dos seus membros, pela oração e cooperação ativa, sob a direção da autoridade eclesiástica, na obra de Maria e da Igreja: o esmagamento da cabeça da serpente e a extensão do reino de Cristo.

A menos que o Concilium aprove e as reservas apontadas no Manual Oficial da Legião, a Legião de Maria está à disposição do Bispo da Diocese e do Pároco para toda e qualquer forma de serviço social e de Ação Católica que estas autoridades julguem convenientes aos legionários e útil à Igreja. Os legionários nunca tomarão sobre si qualquer destas atividades numa Paróquia sem a aprovação do Pároco ou do Ordinário. Por “Ordinário”, nestas páginas, entende-se o Ordinário local, isto é, o Bispo diocesano ou outra autoridade eclesiástica competente.

O ESPÍRITO DA LEGIÃO

O espírito da Legião é o próprio espírito de Maria, de quem os legionários se esforçarão, de modo particular, por adquirir a profunda humildade, a obediência perfeita, a doçura angélica, a aplicação contínua à oração, a mortificação universal, a pureza perfeita, a paciência heróica, a sabedoria celeste, o amor corajoso e sacrificado a Deus e, acima de tudo, a sua fé, virtude que só ela praticou no mais alto grau, jamais igualado. Inspirado nesta fé e neste amor de Maria, a Legião lança-se a toda a tarefa, seja ela qual for, “sem alegar impossibilidades, porque julga que tudo lhe é possível e permitido” (Imitação de Cristo, L. III: 5).

Legião de Maria - Nome e Origem


 A Legião de Maria é uma Associação de Católicos que, com a aprovação da Igreja e sob a poderosa chefia de Maria Imaculada, Medianeira de todas as graças, (formosa como a lua, brilhante como o sol e, para Satanás e seus adeptos, terrível como um exército em ordem de batalha), se constituíram em Legião para servir na guerra perpetuamente travada pela Igreja  contra o mundo e as potências do mal. 
“Toda a vida humana, quer individual quer coletiva, se apresenta como uma luta dramática  entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas” (GS 13).
Os legionários esperam tornar-se dignos da sua excelsa e celeste Rainha, pela sua lealdade, pelas suas virtudes e pela sua coragem. A Legião de Maria está por isso organizada à maneira de exército, principalmente do exército da antiga Roma, cuja terminologia adotou, se bem que as tropas e armas legionárias não sejam deste mundo.
Este exército, hoje tão numeroso, teve a mais humilde das origens. Não proveio de longas meditações: surgiu espontaneamente, sem premeditação de regras e práticas. Surgiu a idéia. Marcou-se uma tarde para a reunião de um pequeno grupo, cujos componentes dificilmente supunham que estavam a ser instrumentos da Divina e amorosa Proveniência. O aspecto daquela reunião foi idêntico ao das reuniões legionárias que depois viriam a  se efetuar em toda a terra. No meio do grupo, sobre uma mesa, com uma toalha branca, erguia-se uma imagem da Imaculada Conceição (igual à da Medalha Milagrosa) ladeada por dois vasos de flores e duas velas acesas.  Esta disposição, tão expressiva no seu conjunto, fruto da inspiração de um dos primeiros a chegar, refletia perfeitamente o ideal da Legião de Maria. A Legião é um exército. E, antes mesmo de os legionários se reunirem, ela, a Rainha, já aguardava, de pé, aqueles que certamente atenderiam ao seu chamado. Não foram eles que a adotaram, foi ela que os adotou. E desde então, com ela marcharam e combateram, certos de que haviam de vencer e perseverar, precisamente na medida em que os estivessem unidos a ela.
O primeiro ato coletivo destes legionários foi ajoelhar. Aquelas cabeças jovens e ardentes inclinaram-se. Rezou-se a Invocação e a Oração ao Espírito Santo; e depois, aqueles dedos que, durante o dia, haviam trabalhado arduamente, desfiaram as contas do terço, a mais simples das devoções. Terminadas as orações sentaram-se e, sob a proteção de Maria (representada pela sua imagem), aplicaram-se a procurar os meios de mais agradar a Deus e de O tornar mais amado neste mundo, que lhe pertence. Desta troca de impressões nasceu a Legião de Maria, com a fisionomia que hoje apresenta.
Que maravilha! Quem, considerando a humildade de tais pessoas e a simplicidade do seu procedimento, poderia prever, mesmo num momento de entusiasmo, o destino que em breve as esperava? Quem, dentre elas, poderia imaginar que estava sendo inaugurado um sistema que, sendo dirigido com fidelidade e vigor, possuiria o poder de comunicar, através de Maria, a doçura e a esperança às nações? Entretanto, assim havia de ser. 
O primeiro alistamento dos legionários de Maria realizou-se em Myra House, Francis Street, Dublin, Irlanda, as vinte horas do dia sete de setembro de 1921, véspera da festa da Natividade de Nossa Senhora. A organização nascente ficou conhecida no início como “Associação de Nossa Senhora da Misericórdia”, em virtude de o primeiro grupo ter tomado o título de “Senhora de Misericórdia”.
Circunstâncias, aparentemente casuais, determinaram o dia sete de setembro, que parecia menos indicado que o seguinte. Só alguns anos depois – quando provas sem número de um verdadeiro amor maternal, levaram à reflexão – é que se compreendeu que, no ato do nascimento da Legião, esta recebera das mãos da sua Rainha uma enternecedora carícia. “Da tarde e da manhã se fez o primeiro dia” (GN 1,5); e com certeza os primeiros e não os últimos perfumes da festa da sua Natividade eram os mais apropriados aos momentos iniciais de uma organização, cujo principal e constante objetivo em reproduzir em sí própria, a imagem de Maria, de maneira a glorificar melhor o Senhor e a comunicá-lo aos homens. 


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Namoro é tempo de ...



O namoro é o alicerce, o fundamento, se você fizer desse período apenas uma curtição, você estará fazendo da sua família futura uma brincadeira e você sofrerá mais tarde. Leve o namoro a sério, não brinque com a pessoa do outro.
Namoro não é tempo de conhecer o corpo do outro, mas alma do outro. Não empurre seu namoro com a “barriga”, se você vê que só existe briga, tenha coragem de terminar, o amor é algo que se constrói, não cai do céu pronto. A aliança de namoro você pode tirar do dedo, a aliança do casamento, não.
Não deixe a vida sexual sufocar seu namoro, a vida sexual é para os casais casados. São Paulo diz que o corpo da mulher pertence ao marido e o corpo do marido pertence à mulher, porque eles são uma só carne, por isso têm o dever de viver a vida sexual.
Viva seu namoro na castidade, na seriedade e vocês estarão se preparando para ser um casal fiel. O namoro é o começo de tudo, é o ponto de partida.
Quando chegamos ao casamento o que Deus quer? O casamento é uma decisão que exige maturidade, atrás desse "sim" vêm os filhos, que não pediram para vir ao mundo, mas vieram por amor. O filho tem o direito de viver com seus pais, porque ele precisa disso para sua formação moral, intelectual, psicológica, por isso, o casal precisa ser uma só carne e não levar o casamento na brincadeira com mentiras. Se você começar a mentir dará espaço para o demônio entrar no seu matrimônio; não pode haver falsidade entre o casal. Não pode haver divisão entre o casal, não pode existir a primeira pessoa do singular: “eu”, mas sim, a primeira pessoa do plural: “nós”.
Deus quer o casal como café com leite: quando alguém olha vê um só. É possível fazer isso? Sim, com a graça de Deus. Casal que reza junto permanece junto.
Quando o Deus Pai quis que a humanidade existisse, Ele estruturou tudo na família, com o casal. O Senhor fez o homem, mas viu que seu coração estava vazio e disse a Adão: “Eu vou te dar uma companheira adequada” (Gên 2, 18c). Quando Ele fez a mulher da mesma natureza do homem, é uma linguagem poética para dizer que a mulher foi feita na mesma dignidade do homem, mas diferente para que os dois se completassem. Quando Deus levou Eva para Adão, este ficou emocionado e disse: “Ela vai se chamar mulher” (id. 2, 23c).
O Altíssimo disse a coisa mais importante sobre isso: “Por isso o homem deixa seu pai e sua mãe e se une a sua mulher e serão uma só carne” (id. 2, 24). Isso é o desígnio de Deus, que o homem se case com uma mulher e forme uma só carne, uma só pessoa humana.
Pela unidade do amor de Deus, no altar, vocês serão uma só pessoa; isso é mais ou menos aquilo que acontece na Santíssima Trindade, Três Pessoas, mas uma unidade. Se o casamento não for uma unidade, ele não estará de acordo com a vontade de Deus, e o casal não poderá ser feliz. Se o casal não for uma unidade, não estará vivendo conforme a vontade divina; e isso começa no namoro. É no namoro que a família começa, todos nós nos casamos porque namoramos.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Gostar é tão fácil



Talvez seja tão simples tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito o seu amor.
Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito.
Tenho visto muito amor por aí: amores mesmo, bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva, mas esbarram na dificuldade de se tornar bonito. Apenas isso: bonitos...
Amores que são verdadeiros, eternos e descomunais de repente se percebem ameaçados apenas e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram, exigem, rotinizam, descuidam, reclamam, deixam de compreender, necessitam mais do que oferecem, precisam mais do que atendem, enchem-se de razões, sim, de razões.
Ter razão é o mais perigo no amor.
Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça, equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão. Nem queira...
Ter razão é um perigo: em geral, enfeia o amor, pois é invocado com justiça mas na hora errada.
Amar bonito é saber a hora de ter razão.
Ponha a mão na consciência! Você tem certeza que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando do gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro, a maior beleza possível?
Talvez não...
Cheio ou cheia de razões, você espera do amor apenas aquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer.
Quem espera mais do que isso sofre, e sofrendo, deixa de amar bonito.
Sofrendo, deixa de ser alegre, igual criança.
E, sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.
Não tema o romantismo.
Derrube as cercas da opinião alheia.
Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de quem você ama.
Adie sempre, se possível, com beijos, aquela conversa importante que precisa ter , arquive se possível, as reclamações pela pouca atenção recebida.
Para quem ama, toda atenção é sempre pouca.
Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda atenção possível.
Quem ama bonito não gasta o tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter.
Não teorize sobre o amor, ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora.
Não tenha medo exatamente de tudo sobre o que você teme, como a sinceridade, não dar certo e depois sofrer (sofrerá de qualquer jeito), abrir o coração, contar a verdade do tamanho do amor que sente.
Jogue pro alto todas as jogadas, golpes, espertezas, atitudes sabidamente eficazes (não é sábio ser sabido): seja apenas você no auge de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser.
Seja você cantando desafinada, mas todas as manhãs, falando besteiras, mas criando sempre, sentindo o coração bater como no tempo do Natal infantil.
Revivendo os carinhos que instruiu em criança sem medo de dizer: eu quero, eu gosto, eu estou com vontade.
Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou fazer bonito o seu amor (a ordem das frases não altera o conteúdo), desde que ele seja a mais verdadeira expressão de tudo o que você é e nunca, deixaram, conseguiu, soube, pôde, foi possível ser.
Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Nossa Senhora da Ternura de Vladmir

Fonte: Paulinas
Maria, recebeu este título do povo russo, por sua devoção a um ícone de Nossa Senhora, de origem grega, pintado por um artista anônimo do século XII. Começou a ser venerado e contemplado no convento de Vzshgorod, em Kiev.

Em 1160 foi levado para a catedral da Assunção de Vladmir. Permaneceu, por muito tempo, na cidade de Vladimir; por este motivo leva o nome de "A Virgem de Vladimir", ou "A Virgem da Ternura de Vladimir".

A contemplação desse ícone nos conduz a uma experiência espiritual profunda. Leva-nos a seguir um movimento que parte dos olhos da Virgem em direção às suas mãos. Passa das mãos de Maria para a criança e da criança novamente para os olhos de Maria.

Os olhos da Virgem
Seus olhos olham para dentro e para fora ao mesmo tempo. Olham para dentro, para o coração de Deus e para fora, para o coração do mundo, revelando, assim, a unidade inescrutável entre o Criador e a criação. Seus olhos contemplam os espaços infinitos do coração, onde alegria e tristeza não são mais emoções contrastantes, mas transcendidas na unidade espiritual.

O olhar de Maria é acentuado pelas estrelas que brilham em sua testa e em seus ombros. Elas fala da presença divina que permeia seu ser. Maria está completamente aberta ao Espírito, que torna seu ser mais interiorizado e completamente atento ao poder criador de Deus. Orando à Virgem de Vladimir, constamos que ela nos vê com os mesmos olhos com que vê Jesus.

As mãos da Virgem
É impossível rezar durante muito tempo contemplando o ícone sem sentir-nos atraídos por suas mãos. Uma das mãos sustenta a criança, enquanto a outra permanece livre, num gesto aberto de convite.

Maria é a mãe de Jesus. Todo o seu ser é Jesus. Sua mão não ensina, nem explica e nem pede. Simplesmente oferece o seu filho como o Salvador do mundo a todos os que estão abertos a ver Jesus com os olhos da fé.

A mão de Maria ocupa o coração do ícone. É indescritivelmente bela. Sua centralidade resume o ícone inteiro. Transforma a imagem expressão do cântico de Maria: "Minha alma exalta o Senhor e meu espírito exulta de júbilo em Deus, meu Salvador" (Lc 1, 46).

Enquanto nossa atenção vai dos olhos para as mãos de Maria, lentamente, percebemos sua profunda paciência. Ela é a mãe paciente que espera a hora do nosso "sim". Sua mão está sempre ali, no âmago do mistério da Encarnação, convidando-nos a ir a Jesus.

O filho da Virgem
Ao olha longamente o ícone percebe-se o significado de tudo o que o rodeia. É fácil notar que o filho não é um bebê. É um sábio vestido com roupas de adulto. O rosto iluminado e a túnica dourada indicam que o sábio é verdadeiramente o Verbo de Deus, cheio de majestade e esplendor. É o verbo feito carne, Senhor de todos os tempos, fonte de toda a sabedoria, princípio e fim da criação.Tudo fica claro dentro e ao redor do filho. No filho não há escuridão.

Contemplando o rosto da criança percebemos uma luz esplêndida que cai no lado direito do ícone, tocando delicadamente o nariz da Virgem e iluminando o rosto do filho. Mas a luz vem também de dentro. É um brilho interior que se projeta para fora e aprofunda a intimidade entre mãe e filho, revelada no abraço carregado de ternura.

A criança está se dando completamente à Virgem. O braço envolve afetuosamente mãe e filho. Os olhos da criança estão fixos nos olhos dela. A atenção é plena. Sua boca está próxima à da mãe, oferecendo-lhe seu sopro divino. Jesus oferece sua sabedoria divina à Mãe da humanidade.

Os olhos da Virgem chamam nossa atenção para suas mãos; suas mãos chamam nossa atenção para a criança; e a criança nos reconduz a ela, que fala ao Filho em nome de toda a humanidade.

domingo, 8 de julho de 2012

É JUSTO BATIZAR AS CRIANÇAS?



Já ouvimos que as últimas palavras do Senhor nesta terra aos seus discípulos foram estas: «Ide, fazei discípulos de todos os povos e baptizai-os no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (cf. Mt 28, 19). Fazei discípulos e baptizai. Por que motivo não é suficiente, para o discipulado, conhecer as doutrinas de Jesus, conhecer os valores cristãos? Por que é necessário ser baptizado? Este é o tema da nossa reflexão, para compreender a realidade, a profundidade do Sacramento do Baptismo.

Uma primeira porta abre-se, se lermos atentamente estas palavras do Senhor. A escolha da palavra«no nome do Pai», no texto grego, é muito importante: o Senhor diz «eis» e não «en», ou seja, não«em nome» da Trindade — como nós dizemos que um vice-prefeito fala «em nome» do prefeito, um embaixador fala «em nome» do governo: não. Ele diz: «eis to onoma», isto é, uma imersão no nome da Trindade, um estar inserido no nome da Trindade, um impregnar-se do ser de Deus e do nosso ser, um estar imerso no Deus Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, do mesmo modo como no matrimónio, por exemplo, duas pessoas se tornam uma só carne, se tornam uma nova e única realidade, com um novo e único nome.

O Senhor ajudou-nos a compreender ainda melhor esta realidade no seu diálogo com os saduceus a propósito da ressurreição. Os saduceus reconheciam do cânone do Antigo Testamento unicamente os cinco Livros de Moisés, e neles não aparece a ressurreição; por isso, negavam-na. Precisamente a partir destes cinco Livros, o Senhor demonstra a realidade da ressurreição e diz: «Não sabeis vós que Deus se chama Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob?» (cf. Mt 22, 31-32). Portanto, Deus toma estes três e precisamente no Seu nome eles tornam-se o nome de Deus. Para compreender quem é este Deus é necessário ver estas pessoas que se tornaram o nome de Deus, um nome de Deus, que estão imersos em Deus. E assim vemos que quem está no nome de Deus, quem está imerso em Deus, é vivo, porque Deus — diz o Senhor — é um Deus não dos mortos mas dos vivos, e se é Deus destes, é Deus dos vivos; os vivos são vivos porque estão na memória, na vida de Deus. E é precisamente isto que acontece no nosso ser baptizados: somos inseridos no nome de Deus, de tal maneira que pertencemos a este nome, e o Seu nome torna-se o nosso nome, e também nós poderemos, com o nosso testemunho — como os três do Antigo Testamento — ser testemunhas de Deus, sinal de quem é este Deus, nome deste Deus.

Por conseguinte, ser baptizado quer dizer estar unido a Deus; numa existência única e nova nós pertencemos a Deus, estamos imersos no próprio Deus. Pensando nisto, podemos ver imediatamente algumas consequências.

A primeira, é que Deus já não está muito distante de nós, não é uma realidade a debater — se existe ou não existe — mas nós estamos em Deus, e Deus está em nós. A prioridade, a centralidade de Deus na nossa vida constitui uma primeira consequência do Baptismo. À pergunta: «Deus existe?», a resposta é: «Existe, e está connosco; centra na nossa vida esta proximidade de Deus, este estar no próprio Deus, que não é uma estrela distante, mas é o ambiente da minha vida». Esta seria a primeira consequência e, portanto, deveria dizer-nos que nós mesmos devemos ter em consideração esta presença de Deus, viver realmente na sua presença.

Uma segunda consequência daquilo que eu disse é que nós não nos fazemos cristãos. Tornar-se cristão não é algo que deriva de uma minha decisão: «Agora faço-me cristão». Sem dúvida, também a minha decisão é necessária, mas é sobretudo uma acção de Deus comigo: não sou eu que me faço cristão, mas eu sou assumido por Deus, guiado pela mão por Deus e assim, dizendo «sim» a esta acção de Deus, torno-me cristão. Tornar-se cristão, num certo sentido, é passivo: eu não me faço cristão, mas é Deus quem me faz um homem seu, é Deus quem me toma pela mão e realiza a minha vida numa nova dimensão. Do mesmo modo como não sou eu que me faço viver a mim mesmo, mas é a vida que me é dada; nasci não porque me fiz homem, mas nasci porque o ser homem me foi doado. Assim também o ser cristão me é doado, é um passivo para mim, que se torna um activo na nossa, na minha vida. E este facto do passivo, de não nos fazermos cristãos sozinhos, mas de termos sido feitos cristãos por Deus, já inclui um pouco o mistério da Cruz: só morrendo para o meu egoísmo, saindo de mim mesmo, posso ser cristão.

Um terceiro elemento que se abre imediatamente nesta visão é que, naturalmente, estando imerso em Deus, estou unido aos irmãos e às irmãs, porque todos os outros estão em Deus, e se eu sou arrebatado do meu isolamento, se eu estou imerso em Deus, estou imerso na comunhão com os outros. Ser baptizado nunca é um «meu» acto solitário, mas é sempre necessariamente um estar unido com todos os demais, um estar em unidade e solidariedade com todo o Corpo de Cristo, com toda a comunidades dos seus irmãos e irmãs. O facto de o Baptismo me inserir em comunidade, interrompe o meu isolamento. Devemos tê-lo presente no nosso ser cristãos.

E finalmente, voltemos à Palavra de Cristo aos saduceus: «Deus é o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob» (cf. Mt 22, 32), e portanto eles não estão mortos; se são de Deus, estão vivos. Quer dizer que com o Baptismo, com a imersão no nome de Deus, estamos também nós já imersos na vida imortal, somos vivos para sempre. Por outras palavras, o Baptismo é uma primeira etapa da Ressurreição: imersos em Deus, já nos encontramos imersos na vida indestrutível, começa a Ressurreição. Como Abraão, Isaac e Jacob, por serem «nome de Deus», estão vivos, assim também nós, inseridos no nome de Deus, somos vivos na vida imortal. O Baptismo é o primeiro passo da Ressurreição, é entrar na vida indestrutível de Deus.

Assim, num primeiro momento, com a fórmula baptismal de são Mateus, com a última palavra de Cristo, já vimos um pouco o essencial do Baptismo. Agora vemos o rito sacramental, para podermos compreender ainda mais precisamente o que é o Baptismo.

Este rito, como o rito de quase todos os Sacramentos, é composto por dois elementos: matéria — água — e palavra. Isto é muito importante. O cristianismo não é algo apenas espiritual, algo unicamente subjectivo, do sentimento, da vontade, de ideias, mas constitui uma realidade cósmica. Deus é o Criador de toda a matéria, a matéria entra no cristianismo, e só neste grande contexto de matéria e de espírito somos cristãos. Por conseguinte, é muito importante que a matéria faça parte da nossa fé, que o corpo faça parte da nossa fé; a fé não é puramente espiritual, mas é Deus que assim nos insere em toda a realidade do cosmos e transforma o cosmos, que o atrai para Si. E com este elemento material — a água — sobrevém não apenas um elemento fundamental do cosmos, uma matéria fundamental criada por Deus, mas também todo o simbolismo das religiões, porque em todas as religiões a água tem um significado. O caminho das religiões, aquela procura de Deus de diversas maneiras — mesmo erradas, mas sempre busca de Deus — é assumida no Sacramento. As demais religiões, com o seu caminho rumo a Deus, estão presentes, são assumidas, e é assim que se faz a síntese do mundo; toda a procura de Deus que se expressa nos símbolos das religiões, e sobretudo — naturalmente — o simbolismo do Antigo Testamento que assim, com todas as suas experiências de salvação e de bondade de Deus, se torna presente. Voltaremos a meditar sobre este aspecto.

O outro elemento é a palavra, e esta palavra apresenta-se em três elementos: renúncias, promessas e invocações. Portanto, é importante que estas palavras não sejam só palavras, mas constituam um caminho de vida. Nelas realiza-se uma decisão; nestas palavras está presente todo o nosso caminho baptismal — tanto pré-baptismal, como pós-baptismal; por conseguinte, com estas palavras, e também com estes símbolos, o Baptismo abrange toda a nossa vida. Esta realidade das promessas, das renúncias e das invocações é uma realidade que permanece por toda a nossa vida, porque estamos sempre no caminho baptismal, no caminho catecumenal, através destas palavras e da realização destas palavras. O Sacramento do Baptismo não é o gesto de uma hora, mas constitui uma realidade de toda a nossa vida, é um caminho de toda a nossa existência. Na realidade, por detrás encontra-se também a doutrina dos dois caminhos, que era fundamental no primeiro cristianismo: um caminho ao qual dizemos «não», e outro caminho al qual dizemos «sim».

Comecemos pela primeira parte, as renúncias. São três, e realço sobretudo a segunda: «Renunciais às seduções do mal, para não vos deixardes dominar pelo pecado?». Que são estas seduções do mal? Na Igreja antiga, e ainda durante séculos, aqui havia esta expressão: «Renunciais à pompa do diabo?», e hoje sabemos o que se entendia com esta expressão: «pompa do diabo». A pompa do diabo eram sobretudo os grandes espectáculos cruentos, nos quais a crueldade se torna divertimento, matar homens se torna algo espectacular: espectáculo, a vida e a morte de um homem. estes espectáculos cruentos, este divertimento do mal é a «pompa do diabo», onde se manifesta com beleza aparente e, na realidade, aparece com toda a sua crueldade. Mas para além deste significado imediato da palavra «pompa do diabo», devia-se falar de um tipo de cultura, de um way of life, de um estilo de vida no qual não conta a verdade mas a aparência, não se procura a verdade mas o efeito, a sensação, e sob o pretexto da verdade, na realidade, destroem-se homens, deseja-se destruir e criar-se só a si mesmo como vencedor. Portanto, esta renúncia era muito real: era a renúncia a um tipo de cultura que é uma anticultura, contra Cristo e contra Deus. Decidia-se contra uma cultura que, no Evangelho de São João, é chamada «kosmos houtos»,«este mundo». Com «este mundo», naturalmente, João e Jesus não falam da Criação de Deus, do homem como tal, mas falam de uma determinada criatura que é predominante e que se impõe como se este fosse o mundo, e como se este fosse o modo de viver que se impõe. Agora deixo a cada um de vós a reflexão sobre esta «pompa do diabo», sobre esta cultura à qual dizemos «não». Ser baptizado significa exacta e substancialmente, um emancipar-se, um libertar-se desta cultura. Conhecemos também nos dias de hoje um tipo de cultura na qual a verdade não conta; não obstante, aparentemente, se deseje fazer manifestar-se toda a verdade, só contam a sensação e o espírito de calúnia e de destruição. Uma cultura que não procura o bem e cujo moralismo é, na realidade, uma máscara para confundir, criar confusão e destruição. Contra esta cultura, na qual a mentira se apresenta nas vestes da verdade e da informação, contra esta cultura que procura unicamente o bem-estar material e nega Deus, digamos «não». Conhecemos bem, inclusive graças a numerosos Salmos, este contraste de uma cultura na qual uma pessoa parece intocável por todos os males do mundo, pondo-se acima de todos, acima de Deus, enquanto na realidade é uma cultura do mal, um domínio do mal. E assim, a decisão do Baptismo, esta parte do caminho catecumenal que dura por toda a nossa vida, é precisamente este «não», dito e realizado de novo cada dia, também com os sacrifícios que com dificuldade contrastam a cultura em muitas partes predominante, mesmo que se impusesse como se fosse o mundo, este mundo: não é verdade! E existem também muitas pessoas que aspiram realmente à verdade.

Assim, passemos à primeira renúncia: «Renunciais ao pecado para viver na liberdade dos filhos de Deus?». Hoje liberdade e vida cristã, observância dos mandamentos de Deus, caminham em direcções opostas; ser cristão seria como uma escravidão; liberdade é emancipar-se da fé cristã, emancipar-se — no final de contas — de Deus. A palavra pecado parece para muitos quase ridícula, porque dizem: «Como! Não podemos ofender a Deus! Deus é tão grande, o que interessa a Deus, se eu faço um pequeno erro? Não podemos ofender a Deus, o seu interesse é demasiado grande para ser ofendido por nós». Parece verdade, mas não é assim. Deus fez-se vulnerável. Em Cristo crucificado vemos que Deus se fez vulnerável, fez-se vulnerável até à morte. Deus interessa-se por nós porque nos ama, e o amor de Deus é vulnerabilidade, o amor de Deus é interesse pelo homem, o amor de Deus quer dizer que a nossa primeira preocupação deve ser não ferir, não destruir o seu amor, não fazer nada contra o seu amor porque, caso contrário, viveremos também contra nós mesmos e contra a nossa liberdade. E, na realidade, esta liberdade aparente na emancipação de Deus torna-se imediatamente escravidão de muitas ditaduras do tempo, que devem ser seguidas para ser consideradas à altura do tempo.

E finalmente: «Renunciais a Satanás?». Isto diz-nos que existe um «sim» a Deus e um «não» ao poder do Maligno, que coordena todas estas actividades e quer fazer-se deus deste mundo, como diz ainda são João. Mas não é Deus, é unicamente o adversário, e nós não nos submetemos ao seu poder; nós dizemos «não» porque dizemos «sim», um «sim» fundamental, o «sim» do amor e da verdade. Estas três renúncias, no rito do Baptismo, na antiguidade, eram acompanhadas por três imersões: imersão na água como símbolo da morte, de um «não» que realmente é a morte de um tipo de vida e ressurreição para uma outra vida. Voltaremos a meditar sobre isto. Depois, a confissão em três perguntas: «Acreditais em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador; em Cristo, e finalmente no Espírito Santo e na Igreja?». Esta fórmula, estas três partes, foram desenvolvidas a partir da Palavra do Senhor, ou seja, «baptizar no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»; estas palavras são concretizadas e aprofundadas: o que quer dizer Pai, o que quer dizer Filho — toda a fé em Cristo, toda a realidade do Deus que se fez homem — e que quer dizer acreditar que se é baptizado no Espírito Santo, isto é, toda a acção de Deus na história, na Igreja, na comunhão dos Santos. Deste modo, a fórmula positiva do Baptismo é também um diálogo: não é simplesmente uma fórmula. Sobretudo a profissão da fé não é simplesmente algo a compreender, uma realidade intelectual, uma coisa a memorizar — sem dúvida, é também isto — mas diz respeito inclusive ao intelecto, refere-se principalmente ao nosso viver. E isto parece-me muito importante. Não é algo intelectual, uma simples fórmula. É um diálogo de Deus connosco, uma obra de Deus connosco e uma nossa resposta, é um caminho. A verdade de Cristo só se pode compreender se se entende o seu caminho. Só se aceitarmos Cristo como caminho começaremos realmente a percorrer a senda de Cristo e poderemos compreender também a verdade de Cristo. A verdade não vivida não se abre; só a verdade vivida, a verdade aceite como modo de viver, como caminho se abre inclusive como verdade em toda a sua riqueza e profundidade. Portanto, esta fórmula é um caminho, é expressão de uma nossa conversão, de uma obra de Deus. E nós queremos realmente ter isto presente em toda a nossa vida: que estamos em comunhão de caminho com Deus, com Cristo. E deste modo estamos em comunhão com a verdade: vivendo a verdade, a verdade torna-se vida, e levando esta vida encontramos também a verdade.

Agora passemos ao elemento material: a água. É muito importante considerar dois significados da água. Por um lado, a água faz pensar no mar, principalmente no mar Vermelho, na morte no mar Vermelho. No mar representa-se a força da morte, a necessidade de morrer para alcançar uma vida nova. Isto parece-me muito importante. O Baptismo não é unicamente uma cerimónia, um ritual introduzido há tempos, e também não é um lavacro, uma acção cosmética. É muito mais do que um lavacro: é morte e vida, é morte de uma determinada existência e renascimento, ressurreição para uma vida nova. Esta é a profundidade do ser cristão: não é só algo que se acrescenta, mas constitui um novo nascimento. Depois de termos atravessado o mar Vermelho, somos novos. Assim o mar, em todas as experiências do Antigo Testamento, tornou-se para os cristãos símbolo da Cruz. Porque só através da morte, de uma renúncia radical na qual se morre a um certo tipo de vida, pode realizar-se o renascimento e pode realmente existir uma vida nova. Este é uma parte do simbolismo da água: simboliza — sobretudo nas imersões da antiguidade — o mar Vermelho, a morte, a Cruz. Só da Cruz é possível alcançar uma vida nova, e isto realiza-se todos os dias. Sem esta morte sempre renovada, não podemos renovar a vitalidade verdadeira da vida nova de Cristo.

Mas o outro símbolo é o da fonte. A água é origem de toda a vida; além do simbolismo da morte existe inclusive o simbolismo da vida nova. Cada vida provém também da água, da água que deriva de Cristo como a verdadeira vida nova que nos acompanha rumo à eternidade.

No final permanece a questão — apenas uma breve palavra — do Baptismo das crianças. É justo fazê-lo, ou seria mais necessário percorrer primeiro o caminho catecumenal para alcançar um Baptismo autenticamente realizado? E outra pergunta que se apresenta sempre é a seguinte: «Mas podemos impor a uma criança qual religião ela quer viver ou não? Não devemos deixar àquela criança a escolha?». Estas perguntas demonstram que já não vemos na fé cristã a vida nova, a vida verdadeira, mas vemos uma escolha entre outras, e também um peso que não se deveria impor sem obter o assentimento da parte do sujeito. A realidade é diferente. A própria vida é-nos doada sem que nós possamos escolher se queremos viver ou não; a ninguém pode ser perguntado: «Queres nascer ou não?». A própria vida é-nos doada necessariamente sem consentimento prévio, nos é concedida assim e não podemos decidir antes «sim ou não, quero viver ou não». E, na realidade, a pergunta verdadeira é: «É justo doar a vida neste mundo, sem ter recebido o consentimento — queres viver ou não? Pode-se realmente antecipar a vida, doar a vida sem que o sujeito tenha tido a possibilidade de decidir?». Eu diria: só é possível e justo se, com a vida, podemos oferecer também a garantia de que a vida, com todos os problemas do mundo, é boa, que é bom viver, que existe uma garantia de que esta vida é boa, é protegida por Deus e que é um dom autêntico. Só a antecipação do sentido justifica a antecipação da vida. E por isso o Baptismo como garantia do bem de Deus, como antecipação do sentido, do «sim» de Deus que protege esta vida, justifica também a antecipação da vida. Por conseguinte, o Baptismo das crianças não é contrário à liberdade; é precisamente necessário oferecê-lo, para justificar também o dom — diversamente questionável — da vida. Só a vida que está nas mãos de Deus, nas mãos de Cristo, imersa no nome do Deus trinitário, é certamente um bem que se pode oferecer sem escrúpulos. E assim estamos gratos a Deus que nos concedeu esta dádiva, que se doou a Si mesmo a nós. E o nosso desafio consiste em viver este dom, em vivê-lo realmente, num caminho pós-baptismal, tanto as renúncias como o «sim», sempre no grande «sim» de Deus, e deste modo viver bem. Obrigado!


CONGRESSO ECLESIAL DA DIOCESE DE ROMA
"LECTIO DIVINA" DO PAPA BENTO XVI
Basílica de São João de Latrão
Segunda-feira, 11 de Junho de 2012