Testemunho do Pe. Zezinho sobre o Papa João Paulo II
Depois do que vi pessoalmente umas oito vezes, em vinte e seis anos por revistas, jornais e televisão, e mais ainda pelos últimos meses de sua vida, acho que vi mais um santo. Não disse que vi um homem perfeito, nem digo que tudo o que ele fez foi perfeito. Digo que foi santo. Já admirava a santidade de João XXIII , de Paulo VI, de Irmã Dulce, Dom Helder Câmara, Madre Tereza e centenas de pessoas que deram e ainda dão a sua vida pelos seus irmãos. Como católico não hesito em proclamar que vi mais um santo católico na pessoa de Karol Wojtyla. Para mim ser santo não é o mesmo que ser perfeito. O santo é alguém que buscou, incansavelmente e inspirado na sua fé o melhor para o seu povo e para o seu tempo. Só Deus é o santo perfeito. Mas aposto que as falhas de João Paulo II foram bem menores do que as suas virtudes. Nem todos comungam deste pensamento porque João Paulo II foi muito amado, mas muitos cristãos tinham reticências a muitas de suas atitudes.
Os adversários e insatisfeitos dirão que ele errou nisso, mais nisso e naquilo. Dirão que algumas de suas decisões eram ultrapassadas e fora da sua época; que não entendeu a modernidade e as exigências dos novos tempos. Dirão que outro papa talvez tivesse implementado melhor o Concílio Vaticano II, que cerceou as conferências episcopais, que fechou a Igreja, que foi autoritário, que poderia ter sido mais aberto com relação aos direitos da mulher na Igreja, e que fechou-se ao diálogo diante de muitas questões vitais e fundamentais para o mundo e para o futuro. É o que seus adversários estão dizendo. Não o acham tão santo nem tão grandioso, apesar de tudo o que realizou. Proclamam que João Paulo II não foi assim tão santo. Quero usar do mesmo direito para proclamá-lo santo. Vejo João Paulo II de outra colina e de outro ângulo. Daqui do meu ângulo tão vasto ou tão estreito quanto o deles, eu vi um santo. Podem ser mais cultos e mais bem informados do que eu, mas permitam-me sta convicção.
Quem se der ao trabalho de ler suas encíclicas e exortações apostólicas, perceberá, logo no começo, seis meses depois sua eleição, ( 4.3.1979) na encíclica “Redemptor Hominis”, que projeto ele adotou para o seu pontificado. Cumpriu-o à risca, até à última palavra que pronunciou. Veio da Polônia , estava marcado por aquele jeito de ser igreja e optou por ser católico como sabia ser. Seu projeto inicial estava alinhavado
Nº 11- Promete abraçar a causa do martírio e da disciplina, sendo exigente consigo mesmo para revelar o Cristo ao mundo, ajudar cada um dos homens a encontrar-se no Cristo, ajudar as gerações atuais de irmãos e irmãs, povos, nações , estados, humanidade, paises ainda não desenvolvidos e paises ricos, todos em suma, a conhecer as imperscrutáveis riquezas do Cristo .
N °12 – Fará isso sem destruir , mas retomando valores, propondo uma doutrina que não era dele. Buscaria uma relação honesta com a verdade, evitando qualquer verdade aparente, e toda e qualquer a liberdade superficial e unilateral, e também toda a verdade que não comtenha a verdade sobre o homem e sobre o mundo.
N° 12 Mostraria Jesus como o caminho principal da Igreja e o homem como o primeiro caminho a ser percorrido pela Igreja no cumprimento de sua missão. Por isso, ele tentaria fazer a Igreja ciente da situação , das possibilidades, das ameaças e das tentações do ser humano.
E tinha uma pergunta a fazer ao mundo, diante do progresso da ciência: Este progresso está tornando a vida humana realmente humana e digna do homem? Tem feito o ser humano melhor como pessoa? Isto a que estamos assistindo e parece progresso para alguns não está se tornando ameaça para a maioria e para o futuro? Como pode ser chamado de progresso aquilo que empobrece e marginaliza milhões?
Nº 17-18 O direitos humanos são apenas coisa de papel ou fazem parte do espírito humano? Somos responsáveis pela verdade e sobre Deus e sobre o homem. É o que ensinaremos como Igreja que deve ser perita em humanidade! Disso nós temos que entender, já que o filho de Deus veio aqui e tornou-se um ser humano. O mundo que pregue as suas verdades. Nós pregaremos a nossa. Mas queremos dialogar.
A seguir escreveria outras tantas encíclicas para falar do Deus que é rico em misericórdia,.do trabalho que dignifica o ser humano, da santificação da política como a arte de buscar o bem comum e de elevar os mais pobres e mais carentes, do esplendor da verdade, da união e do dialogo entre os cristãos , da fé inteligente, de Maria mulher serena e mãe do redentor e da Igreja que nasce e cresce na eucaristia.
Sofreu, agradou, desagradou, foi caluniado, bateu de frente com teólogos inteligentes e questionadores, foi deturpado, denegrido, criticado com dureza porque não disse o que o mundo e muitos políticos, médicos e cientistas acham que ele deveria ter dito, não liberalizou diante o que acham que é progresso. Atiraram nele e ele sabia de onde viera a ordem para aqueles tiros, salvou-se, perdoou, continuou indo lá falar aos povos e governantes e religiões, pediu perdão ás outras igrejas e ao mundo, continuou considerando-se pecador, orou o quanto pode, sorriu, dançou fez festa chorou junto, elevou a voz contra o terror e contra a guerra, defendeu embriões e fetos, lutou pela a unidade do lar . O mundo soube exatamente o que ele pensava. Não mandou dizer: foi lá e disse! Se apenas escrevesse não seria lido nem divulgado, como não tem sido, nem por alguns padres e religiosos que pregam bonito sobre Jesus e o Espírito Santo, mas admitem não terem ainda lido suas encíclicas. Para muitos de nós, continua bonito falar do papa, mas milhares nunca leram os seus ensinamentos. Ele sabia disso. Por isso foi lá e falou em pessoa.
Como só Deus é o santo perfeito, e todos os seus santos têm falhas e imperfeições João Paulo II terá tido as suas, mas viveu pedindo perdão. Não há cursos para papa. Ele teve que aprender fazendo, indo ouvindo e sofrendo. Não pediu para ser eleito mas fez um longo curso de martírio e sofrimento desde os tiros de Ali Agka no Vaticano II. Morreu teimosamente carregando duas cruzes: a do pontificado, porque o papa sofre muito, e a da enfermidade. Não desceu de nenhuma delas. Decidiu morrer crucificado nas duas.
Eu digo que ele é santo. “ Totus Tuus” era o seu lema. Todo Teu! Viveu todo para Deus, todo para os católicos, todo para a humanidade. Amou Maria com amor de filho. Governantes de grandes paises, líderes de grandes religiões, o mundo enfim, foi lá se despedir daquele corpo. O corpo foi para baixo da terra, mas suas palavras ficam. Seu martírio está gravado em milhões de imagens. Continuará agradando e desagradando.
Foi um santo exigente. Não admira que os jovens o tenham aclamado com o grito de “ Santo súbito: Santo já” Por isso e muito mais, já estou pedindo a ele que ore por mim lá no céu, onde creio firmemente que ele já está. Nesses dias já o chamei algumas dez vezes de São João Paulo II. É que já houve um outro santo João Paulo I que só teve tempo de sorrir, mas também foi santo. Quanto a Wojtyla, a Igreja ainda não o proclamou santo, mas seria o cúmulo se, depois de ter sido visto como irmão de bilhões de pessoas, fazedor da paz, mártir do dever, testemunha do amor de Cristo e depois de procurado e aclamado por tantos governantes, tantas religiões e tantas igrejas, nós católicos ainda tivéssemos alguma dúvida. Se eles o acharam santo eu também acho!
É bom pertencer a uma Igreja que teve em tão curto espaço de tempo gente como João XXIII, Helder Câmara, Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, João Paulo II, Josimo Tavares, Santos Dias, Penido Burnier, Irmã Dorothy e centenas de outros que morreram por seus irmãos, cada qual com o seu grau de santidade pessoal. Nenhum foi igual ao outro. Cada um deu a vida do jeito que sabia. Muita gente não gostou deles, mas, e daí? Muita gente também não gostou de Jesus Cristo! Preferiram ficar mais com Jesus do que com os aplausos do mundo. Mas não deixa de ser bonito ver as religiões e as grandes autoridades do mundo aplaudindo aquele corpo naquele caixão! Quer dizer que, mesmo não tendo dito oi feito tudo do jeito que muitos gostariam que o fizesse, o santo papa repercutiu. Como João Batista e Jesus não adocicou todas as xícaras, mas não deixou nada sem tempero.”Sal da terra e luz do mundo”…Não é isso que Jesus queria que fôssemos?
Fonte: http://www.padrezezinhoscj.com/wallwp/artigos_padre_zezinho/escatologia-do-homem/sao-karol-wojtyla