quinta-feira, 12 de novembro de 2009

UM “T” E UM “D”


Uma vogal que equivaleria ao nosso “i” duas consoantes equivalente ao nosso “t” e ao nosso “d” mexeram por décadas e até por séculos com a doutrina cristã. De certa forma ainda mexem. Por causa de um T, por séculos se discutiu entre os cristãos se Maria era apenas educadora do filho de Deus ou era, de fato, mãe dele, “teo-dokos”, “teo-tokos”.

Por causa de um “i” também por séculos se discutiu na igreja se Jesus era de substância semelhante a Deus ou se era da mesma substância de Deus. O “i” caracterizava a diferença. Os que diziam que Jesus era filho de Deus afirmavam que ele era homo-ousios, e os que diziam que ele era apenas semelhante punham o “i” no meio, ele seria homo-i-ousios. Este simples “i” jogou grupos inteiros uns contra os outros. Equivalente ao “ele é” e ao “ele não é”.


A encíclica de João Paulo II, Ecclésia de Eucaristia nos leva pelo mesmo caminho. Quis dizer que a igreja nasce da eucaristia, depende da eucaristia, encontra o seu sentido a partir da eucaristia. Assim, os fiéis e assim também Maria. Ao usar a palavra “de eucaristia”, o papa quis dizer que nós estamos do lado de cá, como adoradores, e não do lado de lá, como parte da eucaristia.


Podemos ao receber o Cristo e nos tornarmos um com Ele. Essa unidade não é hipoestática. Vem do fato claro de que somos assumidos por Ele, mas “in”, “inata”, na eucaristia está a divindade. Por isso, no altar está Jesus. Nós estamos ao redor. No sacrário está Jesus e nós estamos ao redor. Na cruz estava Jesus, Maria, as piedosas mulheres e o discípulo estavam ao redor “juxta”...
É preciso esta distinção para entendermos o que é crer na eucaristia. Nós aqui e Jesus ali. Depois que o recebemos Jesus é em nós, mas o essencial da nossa fé na eucaristia é que ela é o próprio Cristo. Não é o Cristo “na” hóstia, nem é o Cristo “da” hóstia; é o “Cristo-hóstia”. Ele não entra nem sai da hóstia. Ele é a hóstia. Não é símbolo: é o mistério.


Seremos eucarísticos enquanto nos associarmos àquele que é a própria eucaristia. Maria é eucarística enquanto se associa ao seu filho, que é a própria eucaristia, mas Maria não está na eucaristia. Não é adorada com Jesus. É adoradora como nós. Não recebemos Maria na eucaristia.


Já vi pregadores na televisão a ensinar que se pode comungar Maria na missa. Maria não está naquela hóstia, não está naquele sacrário, não está naquele altar, como não estava naquela cruz. Estava-lhe ao pé. Não fazemos parte do mistério: somos adoradores do mistério; não somos a eucaristia: vamos à eucaristia, dependemos da eucaristia.


Como igreja podemos até dizer que nascemos para a eucaristia, vamos à eucaristia e nos situamos “juxta”, ao pé, ao lado, perto do Cristo; mas a hóstia, a vítima o crucificado, o adorado é Jesus Cristo. Sua mãe é mãe de Deus, mas não é deusa. Aí a grandeza do mistério que professamos. Firmemos esses conceitos para não corrermos o risco de misturar alhos com bugalhos.

Fonte: Site Pe. Zezinho

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