quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Canto Litúrgico




A palavra “liturgia” significa originalmente “obra pública”, “serviço da parte do povo em favor do povo”. Na tradição cristã ela quer significar que o povo de Deus toma parte na “obra de Deus”. Pela liturgia, Cristo, nosso Redentor e sumo sacerdote, continua em sua Igreja, com ela e por ela, a obra de nossa redenção (CIC 1069).

O canto e a música desempenham sua função de sinais de maneira tanto mais significativa por “estarem intimamente ligados à ação litúrgica”, segundo três critérios principais: a beleza expressiva da oração, a participação unânime da assembleia nos momentos previstos e o caráter solene da celebração. Participam assim da finalidade das palavras e ações litúrgicas: a glória de Deus e a santificação dos fiéis. (CIC 1157)

A harmonia dos sinais (canto, música, palavras e ações) é aqui mais expressiva e fecunda por exprimir-se na riqueza cultural própria do povo de Deus que celebra. Por isso, o “canto religioso popular será inteligentemente incentivado a fim de que as vozes dos fiéis possam ressoar nos pios e sagrados exercícios e nas próprias ações litúrgicas, de acordo com as normas e prescrições das rubricas”. Todavia, os “textos destinados ao canto sacro hão de ser conformes à doutrina católica, sendo até tirados de preferência das Sagradas Escrituras e das fontes litúrgicas”. (CIC 1158)

Momentos da Missa e os conselhos da Igreja:

Entrada
O canto de entrada deve ser sempre alegre, acolhendo a comunidade que se reúne para partilhar a vida, o pão e a palavra, deve nos lembrar do motivo de estarmos ali reunidos, introduzir o povo no Mistério, também deve lembrar o que estamos celebrando (tempo litúrgico ou festa celebrada), em tempos oportunos (como Quaresma ou Advento) pode ser substituída por um mantra ou uma antífona. Portanto, não é somente um canto para acolher o presidente da celebração, mas sim, um canto para acolher todo o povo de Deus, o corpo do qual Cristo é a Cabeça.

Ato Penitencial
Deve conter o Kyrie Eleison (Senhor, tem piedade de nós. Cristo, tem piedade de nós. Senhor, tem piedade de nós).

Glória
De preferência ao texto oficial da CNBB.

Aclamação
Além dos hinos já prontos pode se usar o “Aleluia + versículo citado + Aleluia”, deve estar sempre em consonância com o Evangelho.

Ofertório
Deve lembrar a partilha, do pão e vinho, da vida, com os irmãos.

Santo
Texto oficial, porém não deve ser muito extenso.

Paz
Deve ser mais sóbrio, breve, não deve tirar o foco do Cordeiro e do momento Eucarístico que se segue.

Cordeiro
Sempre o texto oficial.

Comunhão
Não é música de adoração, é comunhão, comungar, receber o Corpo de Cristo, a comunhão com Cristo deve levar à comunhão com os irmãos, deve motivar à vida em comunidade, deve levar à missão. Ao contrário do que pensamos esse deve ser um momento alegre, com músicas alegres pois vamos ao encontro do Senhor.

Pós Comunhão ou Ação de Graças
Este é um momento de interiorização, de reflexão, não é somente momento de Ação de Graças, como estamos acostumados a dizer, a Ação de Graças é a Liturgia Eucarística e o Prefácio. Na verdade, neste momento deveríamos guardar o silêncio, mas se for cantar, deve-se preferir músicas lentas que nos levem a refletir nosso compromisso com o Cristo que acabamos de receber e com os irmãos, a Eucaristia motiva ao serviço e à nossa doação. Este momento não é um momento de Adoração!

Saída
Deve lembrar a missão, o anúncio, o envio, o compromisso de ser cristão. Também pode ser voltada a Nossa Senhora, pode ser a oração de algum Santo, São Francisco, por exemplo, ou ainda um canto baseado em algum Salmo.

Observação: o canto litúrgico deve favorecer a participação do povo. O canto é um dos poucos momentos destinados à manifestação do povo na liturgia, portanto, devemos lembrar-nos de favorecer a sua participação a partir de cantos fáceis, de folhetos, de melodias inculturadas, de cantos populares, que faça o povo entender a mensagem da Palavra proclamada. Há cantos muito bonitos, mas que não favorecem esta participação. Prefira cantos que se baseiam em textos bíblicos, lembrem que a Missa não é lugar para cantos de Adoração, nem de Grupo de Oração, lembrem que uma Liturgia Inculturada não significa alterar aquilo que a Igreja recomenda que façamos nas celebrações litúrgicas e, sobretudo, lembrem que o cantor litúrgico não se apresenta na Missa, ele presta um serviço ao povo de Deus, favorecendo a ligação deste com Deus e sua Palavra.

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