Grandes
amigos são embriagados do amor do tipo philos
Chamaremos
esse tipo de amor de “amor time de boliche”. Ele usa essa designação porque há
uma troca mútua, um compartilhar. Em geral, baseia-se numa apreciação recíproca
que pode ser destruída se um ou outro não for recíproco. Por exemplo: digamos
que você é um bom jogador de boliche, eu sou um bom jogador de boliche e nós
dois somos ótimos jogadores. Gostamos de estar no mesmo time de
boliche. Mas você começa a beber demais e só lança bolas na canaleta.
Resultado: você é tirado do time de boliche. Por mais caloroso que seja o amor philos,
ele tem suas deficiências.
Relaciona-se
com a alma, mais do que com o corpo. Lida com a personalidade humana – o
intelecto, as emoções e a vontade. Envolve compartilhamento mútuo. Em
português, a palavra mais próxima é amizade. A forma nominal é usada apenas uma
vez no Novo Testamento (Tg 4.4), mas o verbo “amar”, no sentido de “gostar”, e
o adjetivo “amável” são usados muitas vezes. Este é o grau de afeição que Pedro
disse ter por Jesus quando este lhe perguntou, “Simão, filho de João, tu me
amas?”. O pescador respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. No original
grego, o sentido é: “Sim, Senhor, tu sabes que gosto de ti, que sou teu amigo”
(Jo 21. 15,16).
É
a parte do amor mais sublime, é o amor que vem com o tempo de namoro, aquela
fase onde parecemos ser mais irmãos de nosso par do que propriamente namorados.
É nessa fase que os casais com muito tempo de casamento estacionam, quando
começam a falar um com o outro sem precisar usar das palavras, só com um trocar
de olhares, com expressões do rosto, com gestos ou simplesmente com o
pensamento. Philos torna Eros mais manso, menos intenso, mas não é um sinal de
fraqueza do Amor, é só uma mudança desse sentimento. Nessa fase, por exemplo,
os longos períodos de silêncio não são mais constrangedores, são só
silenciosos.
Neste
nível, o amor é menos egoísta, mas ainda contempla o prazer, a realização e os
interesses pessoais. Não deveria, mas... normalmente, desenvolvemos amizades
com pessoas cujas características nos agradam, cujos interesses intelectuais e
gostos compartilhamos. Desejamos e esperamos que estes relacionamentos sejam
agradáveis e nos beneficiem de algum modo. Damos, sim, amizade, atenção e ajuda,
mas com alguma motivação egoísta. Mesmo assim, philos é um nível de amor
mais elevado do que eros. Nesse nível, “nossa” felicidade é mais
importante do que “minha” felicidade.
Muitos
casamentos comparativamente felizes são construídos nesse nível. É muito bom
quando marido e mulher são amigos. Alguns maridos e esposas dizem que se amam,
mas, no dia a dia, nem amigos eles são. Prova disto é que não têm sequer prazer
e empolgação com a companhia, os interesses e assuntos um do outro.
Um
casamento não pode sobreviver a menos que cresça pelo menos até ao nível do philos.
Se você é jovem e está pensando em se casar, você deve tomar tempo para
verificar se gosta realmente da pessoa com quem você pretende se unir para o
resto da vida. Seguramente, essa pessoa tem defeitos, características e hábitos
que poderão irritá-lo ou mesmo exaspera-lo no dia a dia da vida conjugal. Você
vê mais virtudes do que defeitos e gosta dessa pessoa o bastante para
perdoá-la, ajudá-la e fazê-la feliz?
Provavelmente
você já ouviu esta frase romântica: “O amor é cego!” Cuidado! O único amor cego
é o eros. Esse tipo de amor realmente fecha os olhos para as faltas, ri
dos defeitos e racionaliza os problemas potenciais (a menos que a pessoa amada
não seja interessante em seu aspecto físico). Philos, por outro lado,
honestamente encara os defeitos e decide se eles podem ser superados pelas
virtudes.
Philos é o meio
caminho do amor verdadeiro – dá um pouco para receber um pouco, numa proporção
de 50% a 50%. Um casal pode viver razoavelmente bem com esse tipo de amor,
enquanto cada um fizer a sua parte e as circunstâncias forem favoráveis. Porém,
se um deles deixa de fazer a sua parte, ou se ocorrem circunstâncias adversas
(crise financeira, enfermidade grave, tensões com parentes, problemas sexuais,
problemas com os filhos etc), a amizade sofre. Philos não agüenta muita
pressão. No fim, torna-se egoísta e exigente. Vêm os conflitos. A amizade vira
inimizade. A única esperança para um casamento estável, bem-sucedido e feliz é
o crescimento para o nível mais alto do amor.
Philos é um
amor que troca.
Entenda a
seguinte comparação:
Você tem
um amigo, aqui chamado Manoel. Você, Manoel e outros amigos em comum sempre
saem juntos. Vão a uma lanchonete, por exemplo. Vocês sempre dividem a conta. Mas
Manoel nunca participa desta divisão. Não “colabora” com nenhum real. Exemplo
do amor 50% dado – 50% recebido. Você divide a conta porque isto te beneficia
também. Porém, você se sente incomodado com o fato de Manoel nunca participar
da divisão. Você começa a não o convidar mais para sair. Afinal, ele não dá
retorno algum para ti. Resumindo... um “amor” um tanto quanto egoísta. O amor
do tipo Philos não é um amor que doa; sempre espera algo em troca.
Expressões
que caracterizam o amor philos:
• ele/ela me completa;
• ele/ela pensa como eu;
• ele/ela me ajuda em casa;
• ele/ela me dá presentes;
• Gostamos das mesmas coisas;
• Fazemos muitas coisas juntos;
Veja também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário